Mundo

Arábia Saudita promete provas concretas de envolvimento do Irã em ataque

Irã, no entanto, voltou a negar envolvimento nos ataques de 14 de setembro às instalações de petróleo da Saudi Aramco

Saudi Aramco: ministro da Energia da Arábia Saudita disse que o abastecimento de petróleo de seu país retornou aos níveis anteriores aos ataques de sábado (14) (Stringer/Reuters)

Saudi Aramco: ministro da Energia da Arábia Saudita disse que o abastecimento de petróleo de seu país retornou aos níveis anteriores aos ataques de sábado (14) (Stringer/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 09h54.

Dubai — A Arábia Saudita disse que vai apresentar provas nesta quarta-feira ligando o rival regional Irã a um ataque sem precedentes à indústria petrolífera saudita, que os Estados Unidos disseram acreditar ter partido do território iraniano, em uma perigosa escalada de atritos no Oriente Médio.

O Irã, no entanto, voltou a negar envolvimento nos ataques de 14 de setembro às instalações de petróleo, incluindo a maior refinaria do mundo, que inicialmente interromperam metade da produção saudita.

"Eles querem impor... pressão máxima sobre o Irã por meio de calúnias", disse o presidente do Irã, Hassan Rouhani, de acordo com a mídia estatal. "Não queremos conflitos na região... Quem iniciou o conflito?", disse ele, culpando o governo dos EUA e seus aliados no Golfo Pérsico pela guerra no Iêmen.

O movimento houthi do Iêmen, um aliado do Irã que luta contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita há mais de quatro anos, assumiu a responsabilidade pelo ataque e disse que usou drones para atingir as instalações da empresa estatal saudita Aramco.

No entanto, o Ministério da Defesa da Arábia Saudita disse que realizará uma entrevista coletiva nesta quarta-feira às 11h30 (horário de Brasília) para apresentar "evidências materiais e armas iranianas que provam o envolvimento do regime iraniano no ataque terrorista".

Provas concretas mostrando a responsabilidade iraniana, se tornadas públicas, podem pressionar Arábia Saudita e EUA a darem uma resposta, embora ambas as nações tenham enfatizado a necessidade de cautela.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não quer guerra, afirmando que "não há pressa" para retaliar e que está em coordenação com países do Golfo e da Europa.

Uma autoridade dos EUA disse à Reuters na terça-feira que os ataques se originaram no sudoeste do Irã. Três funcionários do governo dos EUA disseram que a ação envolveu mísseis de cruzeiro e drones, indicando um maior grau de complexidade e sofisticação do que se pensava inicialmente.

As autoridades dos EUA, no entanto, não forneceram evidências ou explicaram quais informações estavam usando para avaliar o ataque, que cortou 5% da produção global de petróleo.

A Arábia Saudita, maior exportadora mundial de petróleo, disse na terça-feira que os 5,7 milhões de barris por dia de produção perdidos devido ao ataque serão totalmente restaurados até o final do mês.

Os preços do petróleo caíram após as garantias sauditas de retomada da produção, depois de terem chegado a subir mais de 20% na segunda-feira -- o maior salto intradia desde a Guerra do Golfo de 1990-91.

Abastecimento volta ao normal

O ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que o abastecimento de petróleo de seu país retornou aos níveis anteriores aos ataques de sábado (14) a instalações petrolíferas. Os ataques reduziram pela metade a produção do país.

A informação foi dada pelo ministro em entrevista nessa terça-feira (17) na cidade de Jeddah, no oeste da Arábia Saudita. Foi sua primeira coletiva desde os ataques.

Ele explicou que o país tem trabalhado para reparar as instalações, visando a recuperá-las o quanto antes.

Preços

Os preços do petróleo bruto caíram ligeiramente, mas permanecem altos, mesmo depois do anúncio da Arábia Saudita de que o fornecimento foi retomado após os ataques.

O índice WTI de preços futuros em Nova York caiu ligeiramente ontem, com o preço de fechamento em US$ 59 por barril.

O índice Brent de preços futuros em Londres também baixou e terminou o pregão em US$ 64 por barril.

Os dois índices de preços futuros estão mais de 6% acima do fechamento da semana anterior e refletem a preocupação crescente sobre os riscos geopolíticos na região.*Emissora pública de televisão do Japão

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaEstados Unidos (EUA)Indústria do petróleoIrã - PaísPetróleoSaudi Aramco

Mais de Mundo

Israel afirma que não busca 'escalada ampla' após ataque a Beirute

Domo de Ferro, Arrow, C-Dome e Patriot: Conheça os sistemas de defesa aérea utilizados por Israel

Smartphones podem explodir em série como os pagers no Líbano?

ONU diz que risco de desintegração do Estado de Direito na Venezuela é muito alto