Civis e militares iemenitas observam local atingido por ataque aéreo saudita contra os rebeldes huthis perto do aeroporto de Sanaa (Mohammed Huwais/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2015 às 09h26.
Washington - A Arábia Saudita, que lidera uma coalizão que envolve mais de 10 países e conta com o apoio logístico e de inteligência dos Estados Unidos, iniciou na quarta-feira uma operação militar no Iêmen contra os rebeldes huthis.
"A operação é para defender o governo legítimo do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi", afirmou o embaixador saudita em Washington, Adel Al Jubeir.
Pouco depois do anúncio, Sanaa informou que a Arábia Saudita bombardeou posições rebeldes.
Pelo menos 13 pessoas morreram em um bairro residencial de Sanaa, atingido pelos bombardeios aéreos sauditas durante a noite, segundo uma fonte da Defesa Civil.
A aviação saudita bombardeou a base aérea de Al-Daylami e o aeroporto internacional da capital iemenita, assim como o complexo presidencial que está sob poder dos rebeldes desde janeiro.
Um incêndio foi registrado no palácio presidencial.
Forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi retomaram o controle do aeroporto internacional de Aden (sul), de onde os rebeldes huthis fugiram de maneira precipitada.
Os comitês populares, força paramilitar favorável ao presidente Hadi, controlam o aeroporto, segundo as forças de segurança.
O Egito confirmou confirmou que participa na coalizão e que pensa em "preparar a participação de uma força aérea e naval, além de uma força terrestre se for necessário", segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores publicado no Cairo.
"O Egito anuncia o apoio político e militar à ação da coalizão dos países que apoiam o governo legítimo do Iêmen", afirma a nota oficial.
A Jordânia também confirmou participação na intervenção militar no Iêmen contra as milícias xiitas huthis e os militares leais ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh.
O governo do Irã, no entanto, condenou a intervenção militar árabe contra os rebeldes xiitas huthis e chamou a operação de "iniciativa perigosa que viola as responsabilidades internacionais e a soberania nacional".
"A ação militar vai complicar ainda mais a situação, aumentar a crise e acabar com as possibilidades de uma solução pacífica das divergências internas no Iêmen", afirmou a porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Marzieh Afkham.
A Casa Branca informou que os Estados Unidos estão coordenando estreitamente com os sauditas e seus aliados no Golfo as ações militares contra os rebeldes huthis no Iêmen.
"O presidente Obama autorizou o fornecimento de apoio logístico e de inteligência às operações militares do CCG" no Iêmen, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Bernadette Meehan, se referindo ao Conselho de Cooperação do Golfo.
A porta-voz destacou que as forças americanas não atuam diretamente nas operações militares no Iêmen, apenas "estabeleceram uma Célula de Planejamento Conjunta com a Arábia Saudita para coordenar o apoio americano em matéria de inteligência militar".
A ação militar ocorre após Arábia Saudita Qatar, Kuwait, Barein e Emirados Árabes Unidos anunciarem a decisão de responder ao pedido de ajuda do presidente Hadi diante do avanço dos rebeldes sobre Aden, onde o líder está refugiado.
"Decidimos responder ao apelo do presidente Hadi para proteger o Iêmen e seu povo da agressão da milícia xiita huthi", acrescentou um alto funcionário.
Hadi fugiu para Aden no início de fevereiro, quando os rebeldes assumiram o controle da capital, Sanaa, com a suposta ajuda do Irã e do ex-presidente Ali Abdullah Saleh, deposto em 2012 após 33 anos de poder.
O chefe da diplomacia do Iêmen, Ryad Yassine, estimou nesta quarta-feira que a "queda de Aden nas mãos dos huthis marcaria o início de uma profunda guerra civil".
Forças aliadas aos rebeldes assumiram nesta quarta o controle do aeroporto internacional de Aden, acentuando a pressão sobre o presidente Hadi.