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Apuração dá vitória a Evo Morales no 1º turno, mas OEA quer auditoria

Apuração caótica da eleição presidencial provocou suspeitas de fraude e manifestações violentas nas principais cidades da Bolívia

Evo Morales: presidente afirmou que há uma tentativa de "golpe de Estado para prejudicar o país" (David Mercado/Reuters)

Evo Morales: presidente afirmou que há uma tentativa de "golpe de Estado para prejudicar o país" (David Mercado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 10h14.

O presidente Evo Morales venceu as eleições bolivianas no primeiro turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 99,97% dos votos apurados, Evo tinha 47,07% e o opositor Carlos Mesa, 36,51%. Em reunião da Organização dos Estados Americanos, em Washington, o ministro da Justiça da Bolívia, Hector Arce Zaconeta, lembrou que a Constituição prevê um vencedor se ele tiver votação acima dos 40% e 10 pontos porcentuais a mais que o segundo colocado.

"As regras foram cumpridas e vamos levar adiante o resultado", afirmou Zaconeta. "Na Bolívia, não existe a possibilidade de fraude ou manipulação." Zaconeta e o chanceler boliviano, Diego Pary, reiteraram o convite para que a OEA realize uma auditoria da eleição, mas disseram que a Bolívia não esperaria a conclusão da análise para anunciar o resultado.

Um dia antes, a missão de observadores da OEA informou ao Conselho Permanente que vários princípios que regem uma eleição democrática foram violados e, diante da margem apertada indicada pelas urnas, a melhor opção seria realizar um segundo turno.

A apuração caótica da eleição presidencial boliviana, com interrupção temporária e atrasos na divulgação dos resultados preliminares, provocou suspeitas de fraude e manifestações violentas nas principais cidades da Bolívia. Evo afirmou que há uma tentativa de "golpe de Estado para prejudicar o país".

As críticas da oposição tiveram como base o primeiro resultado da contagem rápida, que indicava um segundo turno entre Evo e Mesa. A confusão começou quando o TSE interrompeu a contagem dos votos sem explicação. Após 24 horas, a apuração foi retomada e Evo aparecia à frente com a vantagem necessária para encerrar a disputa no primeiro turno.

O secretário-geral da OEA, Luís Almagro, cobrou que o governo boliviano aguarde o resultado da auditoria para anunciar o vencedor da eleição e voltou a afirmar que a missão de observadores vislumbra a realização de segundo turno como a "saída mais democrática".

Em um "chamado para evitar o confronto", Almagro disse que a Bolívia não deveria considerar os resultados apurados como legítimos até que se encerre a análise que será feita pela organização.

Como resposta, os ministros de Evo repetiram que o resultado do TSE será o proclamado. "Não está em jogo a aplicação do texto constitucional, que estabelece o procedimento para realização de segundo turno. Isso não pode estar em discussão", afirmou o ministro da Justiça.

Horas antes da OEA se reunir em Washington, Evo anunciou no Twitter que defenderia "o resultado da eleição". "Se o resultado diz que há segundo turno, iremos. Se a apuração diz que não há segundo turno, também vamos respeitar", escreveu.

Nesta quinta-feira, 24, Brasil, Argentina, Colômbia e EUA propuseram a realização de um segundo turno, caso a OEA não consiga verificar os resultados do primeiro turno. O governo americano ameaçou a Bolívia com "sérias consequências" se houver irregularidades nas eleições. "Se não respeitarem o resultado das urnas, haverá sérias consequências em suas relações com a região", disse o subsecretário de Estado para a América Latina, Michael Kozak.

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