Bakir Izetbegovic, do Partido de Ação Democrática (SDA), foi reeleito na Bósnia (Dado Ruvic/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h30.
Sarajevo - Os resultados ainda preliminares das eleições para a presidência colegiada da Bósnia, integrada por um muçulmano, um sérvio e um croata, confirmaram nesta segunda-feira a vitória de candidatos com discurso nacionalista.
Segundo a Comissão Eleitoral Central (CIK, sigla em bósnio), após a apuração de mais de 90% dos votos, o candidato muçulmano, Bakir Izetbegovic, foi reeleito com 32,74% dos votos.
Dragan Covic é o novo representante croata da presidência colegiada, com 52,4%.
Já em relação à representação sérvia, o candidato da oposição servo-bósnia, Mladen Ivanic, se impôs com 48,3% dos votos sobre Zeljka Cvijanovic, atual primeira-ministra servo-bósnia, que tem 48,1%.
A presidência bósnia tem pouco poder executivo, mas uma importância simbólica, já que a diferença de visões entre seus prováveis ocupantes reflete a paralisia do país pelas constantes divergências entre os líderes das três principais etnias da Bósnia.
Os cidadãos bósnios também votaram ontem para os deputados do parlamento central e das assembleias das duas entidades autônomas do país, a República Sérvia e a Federação da Bósnia e Herzegovina.
Além disso, os servo-bósnios votaram para a presidência da República Sérvia e os muçulmano-croatas renovavam os parlamentos locais das dez províncias que formam a Federação da Bósnia e Herzegovina.
Nas presidenciais servo-bósnias, o atual presidente, o nacionalista Milorad Dodik, leva vantagem com 47,1% dos votos frente ao candidato da oposição, Ognjen Tadic, com 45,16%, após a apuração de 85% das cédulas.
Já nas eleições parlamentares da entidade comum de muçulmanos e croatas, venceu o conservador e muçulmano Partido de Ação Democrática (SDA), de Izetbegovic, com 27,81% dos votos, segundo os resultados da CIK.
Na assembleia da república servo-bósnia, o partido mais votado foi o SNSD de Dodik, com 39,58%, à frente do nacionalista moderado Partido Democrático Sérvio (SDS), com 33,5%.
Os resultados revelam que não haverá grandes mudanças no país, politicamente paralisado pelas diferenças entre muçulmanos, croatas e sérvios e castigado por uma crise econômica que mantém mais de 40% da população desempregada.
O principal desafio para as novas autoridades será desbloquear o caminho do país rumo à União Europeia, reativar a economia e melhorar a situação social dos cidadãos.
A alta abstenção no pleito de domingo foi uma mostra da desconfiança dos bósnios em relação a uma classe política que não trouxe os progressos e reformas necessários ao país desde o fim da guerra civil em 1995.