Aníbal Cavaco Silva, presidente português, pediu que o país cumpra as exigências para receber a ajuda (Alfredo Rocha/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2011 às 16h53.
Lisboa - Imerso na campanha para as eleições antecipadas de 5 de junho, Portugal obteve nesta terça-feira a aprovação do resgate financeiro internacional da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que exige graves sacrifícios do país, o que recebe críticas da oposição e dos sindicatos.
O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, foi a primeira autoridade a reagir à decisão dos ministros das Finanças da UE e pediu ao país que cumpra os compromissos da ajuda financeira, avaliada em 78 bilhões de euros (R$ 181 bilhões).
A aprovação do resgate, que salva Portugal da quebra, ocorre em meio a tensões políticas envolvendo os dois grandes partidos do país, o Socialista (PS, que governa interinamente) e o Social-Democrata (PSD, favorito para sucedê-lo), que travam atritos e trocam acusações.
Enquanto os dois partidos políticos que se revezaram no poder ao longo de três décadas de democracia portuguesa tentam conquistar o apoio dos indecisos, Cavaco, líder histórico do PSD, reconheceu que o cumprimento da ajuda financeira será "muito exigente" e "porá a toda prova a capacidade das forças políticas".
Os acordos financeiros com a UE implicam um programa de reformas trabalhistas e ajustes econômicos para sanear a economia portuguesa, torná-la mais competitiva e reduzir, em apenas dois anos e meio, a um terço seu déficit fiscal, até 3%.
Na breve mensagem que dirigiu aos cidadãos em uma rede social, o chefe de Estado ressaltou a responsabilidade que Portugal tem de honrar esses compromissos e, ao mesmo tempo, "encontrar um espaço para a justiça social e o desenvolvimento".
A recessão, que voltou este ano ao país diante das severas medidas de austeridade contra a crise, e o aumento do desemprego, que supera 11%, provocaram protestos de organizações sindicais e da esquerda marxista, com cerca de 20% de apoio eleitoral.
Do pacote de ajuda externa, a UE fornecerá 52 bilhões de euros, dois terços da quantia, enquanto os outros 26 bilhões serão provenientes do FMI, que ainda deve dar a aprovação final à operação.
O Governo de Lisboa não espera receber até o fim do mês o primeiro lote da ajuda, de 18 bilhões de euros, e se viu obrigado a emitir títulos da dívida para cumprir seus compromissos financeiros.