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Aprovação de Lei de Bases marca nova fase de Milei, diz analista argentino

Juan Carranza avalia que presidente mostra sinais de que conseguiu governabilidade e não poderá mais culpar 'casta' por dificuldades

Javier Milei, presidente da Argentina, durante lançamento de livro e show de rock em Buenos Aires (Cristina Sille/Getty Images)

Javier Milei, presidente da Argentina, durante lançamento de livro e show de rock em Buenos Aires (Cristina Sille/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de junho de 2024 às 17h01.

Última atualização em 13 de junho de 2024 às 17h04.

O governo de Javier Milei conseguiu aprovar no Senado, na noite de quarta, 12, a Lei de Bases, um pacote de medidas para liberalizar a economia, aumentar poderes do Executivo e reduzir gastos públicos. Foi a primeira lei que o presidente conseguiu uma vitória como esta no Congresso, em seis meses de governo.

A lei foi aprovada no Senado e ainda precisa de um novo aval da Câmara, onde já havia sido aprovada uma vez. A expectativa é de que seja aprovada na etapa final também.

Para o analista político argentino Juan Carranza, a aprovação da Lei de Bases mostra que Milei conseguiu obter algo que ainda não tinha demonstrado: governabilidade. "Olhando à frente, isso começa uma nova história. Milei não terá mais a desculpa de não pode governar por causa da 'casta'", avalia.

O presidente costuma chamar a classe política de "casta", de modo pejorativo, e tem atacado congressstas de oposição como os responsáveis pela crise no país.

A aprovação da Lei de Bases foi apertada: houve empate, com 36 senadores a favor e 36 contra, mesmo após Milei desidratar a proposta e retirar dela medidas como a privatização da Aerolíneas Argentinas e dos Correios. O voto de desempate foi dado pela vice-presidente, Victoria Villarruel, que também preside o Senado.

Além disso, a Lei de Bases traz medidas para facilitar grandes investimentos, em áreas como tecnologia, infraestrutura e energia, o que pode ajudar a economia argentina a avançar.

Carranza, no entanto, aponta que o governo ainda precisa melhorar sua capacidade de gestão. "Ele precisa fazer entregas, precisa melhorar muito a capacidade de gerenciamento de sua administração. Ali tem havido pontos muito baixos", prossegue.

Entre estes pontos, estão a saída de seu chefe de gabinete, Nicolás Posse, em maio, e uma falha grave na distribuição de 5 mil toneladas de alimentos que estavam estocadas pelo governo e perto de vencer, em um momento em que muitas famíilias precisam de ajuda.

Os desafios de Milei seguem enormes. A inflação de maio, divulgada nesta quinta, 13, mostrou que os preços subiram 4,2% em maio. O valor é menos da metade do registrado em abril, quando a taxa mensal foi de 8,8%. No entanto, a inflação em 12 meses está em 276,4%.

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