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Após uma semana, navio Ever Given é liberado no Canal de Suez

Encalhado no Canal de Suez, no Egito, desde a última terça-feira, 23, o navio Ever Given voltou a se movimentar a partir desta manhã

Ever Given: navio estava encalhado no Canal de Suez deste terça-feira, 23 (Authority/Divulgação/Reuters)

Ever Given: navio estava encalhado no Canal de Suez deste terça-feira, 23 (Authority/Divulgação/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 29 de março de 2021 às 10h34.

Última atualização em 29 de março de 2021 às 18h31.

O gigantesco navio Ever Given foi desencalhado no Canal de Suez na manhã desta segunda-feira, 29, segundo comunicado da Suez Canal Authority, que controla o estreito.

O Ever Given estava encalhado desde a última terça-feira, 23, há quase uma semana, bloqueando toda a passagem pelo Canal de Suez. A estimativa é que o bloqueio tenha impedido o transporte de cerca de 400 milhões de dólares em mercadorias por hora.

O navio conseguiu flutuar totalmente pouco depois das 10h (horário de Brasília), após operações ao longo de todo o fim de semana. Após conseguir flutuar, a embarcação rumou para o norte, segundo a agência Bloomberg, de modo a liberar a passagem.

O trabalho agora é para retomar completamente o tráfego no canal para os mais de 200 navios que aguardavam a liberação do estreito nos últimos dias. O tráfego no estreito foi liberado nesta tarde e alguns navios já começam a se movimentar.

Um atalho entre a Ásia e a Europa, o Canal de Suez é passagem para cerca de 12% da economia mundial em mercadorias. O canal foi inaugurado em 1869 por um consórcio entre franceses e ingleses, quando o Egito ainda era colônia da Inglaterra. Em 1956, Suez passou ao controle do governo do Egito.

Em 2015, o canal também teve uma obra de ampliação para comportar navios cada vez maiores — como o Ever Given, de 400 metros de comprimento.

Sem o Canal de Suez, os navios teriam de dar a volta na África, trajeto que pode ser até dez dias mais longo, ou usar rotas aéreas ou terrestres, o que encareceria a operação.

Foto de satélite do Ever Given encalhado: navio bloqueando a passagem no Canal de Suez conseguiu ser visto do espaço (Satellite image (c) 2020 Maxar Technologies./Getty Images)

A remoção do navio nesta segunda-feira foi melhor do que o esperado. A empresa holandesa que liderava a retirada do navio, a Boskalis, de manutenção de infraestruturas marítimas, disse anteriormente que havia somente 70% de chance de retirar o navio nesta semana.

No fim de semana, o presidente do Egito, Abdul Fatah Al-Sisi, chegou a dar ordens para que a carga do navio fosse removida, aumentando os temores de que o Ever Given pudesse ficar parado por semanas. No Twitter, Sisi comemorou a retirada do navio. "Agradeço a todos os egípcios leais que contribuíram técnica e praticamente para acabar com esta crise", disse.

Uma das preocupações logo após o navio desencalhar era garantir que ele ficasse equilibrado e não esbarrasse novamente na outra margem do estreito. Um dos responsáveis pela operação na Boskalis, Peter Berdowski, disse à imprensa internacional que foram "10 minutos tensos".

O trabalho foi auxiliado por condições naturais: uma lua cheia no domingo garantiu horas de maré alta, facilitando o trabalho. Após o sucesso da operação, homens que trabalhavam no local tocaram buzinas em comemoração.

Mesmo antes de o Ever Given encalhar, a cadeia de suprimentos já vivia problemas devido às quarentenas do coronavírus, levando a um cenário de mais demanda do que oferta em alguns setores e falta de peças. A preocupação era de que, caso o navio seguisse encalhado por mais uma semana, pudesse haver uma quebra ainda mais ampla na cadeia logística global.

Com o crescimento do comércio mundial, navios como o Ever Given (que pesa 200.000 toneladas) ficaram maiores, dobrando de tamanho em média, segundo a BBC. A vantagem é carregar mais mercadorias ao mesmo tempo. O tamanho, no entanto, tornou mais difícil removê-los no caso de acidentes como esse.

Mesmo após o navio ser retirado, a expectativa é que os impactos ainda sigam por dias, devido ao congestionamento causado nos portos em todo o mundo enquanto o fluxo em Suez estava paralisado. 

*A reportagem foi atualizada às 18h30 para incluir as declarações dos envolvidos e detalhes da operação. 

 

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