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Após perder maioria nas eleições, partido de Modi consegue aliança para formar novo governo da Índia

Para analistas, nova conjuntura obrigará o primeiro-ministro a trabalhar com seus parceiros de coalizão, que podem se retirar a qualquer momento

Primeiro-ministro da Índia Narendra Modi

Primeiro-ministro da Índia Narendra Modi

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 5 de junho de 2024 às 15h13.

Última atualização em 5 de junho de 2024 às 15h35.

Depois de perder maioria parlamentar pela primeira vez em uma década, o partido nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi conseguiu, nesta quarta-feira, montar uma coalizão com mais 14 partidos para formar um governo na Índia. Ao todo, a Aliança Democrática Nacional (NDA), liderada pelo Partido Bharatiya Janata (BJP) de Modi, têm 293 assentos.

O BJP conquistou 240 legisladores nestas eleições, muito aquém dos 303 que conquistou no último pleito, em 2019. Para ter maioria absoluta, uma legenda precisa de 272 cadeiras de um total de 543.

“Todos nós elegemos unanimemente o respeitado líder da NDA, Narendra Modi, como nosso líder”, disse um comunicado da coalizão, divulgado pelo BJP. “O governo do NDA, sob a liderança de Modi, tem o compromisso de atender aos pobres, mulheres, jovens, agricultores e cidadãos explorados, desfavorecidos e oprimidos da Índia."

Estima-se que mais de dois terços da população da Índia pertençam às castas mais baixas do antigo sistema de estratificação social em que os hindus estão divididos.

O Congresso Nacional Indiano, principal partido de oposição, conquistou 99 assentos, quase o dobro dos 52 conquistados na eleição anterior. O presidente do partido, Mallikarjun Kharge, reiterou que o resultado foi um voto contra Modi e “a essência e o estilo de sua política”.

"É uma grande perda política para ele pessoalmente, além de uma clara derrota moral", disse ele aos líderes do partido em uma reunião do grupo de oposição.

Um novo Modi

Com essa dependência de aliados, Modi, de 73 anos, enfrentará um terceiro mandato mais difícil que os outros, alertam os analistas.

"Isso forçará Modi a levar em conta as opiniões dos outros, veremos mais democracia e um parlamento mais saudável", disse Nilanajan Mukhopadhyay, autor de uma biografia do líder. "Ele terá de ser o líder que nunca foi, veremos um novo Modi.

Vários meios de comunicação locais informaram que Modi poderia ser empossado como primeiro-ministro do país mais populoso do mundo no sábado.

O líder saudou a vitória apertada e disse que o resultado permitiu que ele continuasse com seu programa, que deu grande ênfase à religião.

"Este terceiro mandato será um período de grandes decisões. O país escreverá um novo capítulo em seu desenvolvimento", disse ele a uma multidão em Nova Délhi na noite de terça-feira.

A China parabenizou Modi e disse que estava pronta para “trabalhar com a Índia para promover o desenvolvimento saudável e estável das relações entre os dois países”. O presidente russo Vladimir Putin também saudou a vitória de Modi e o parabenizou por telefone, informou o Kremlin. Índia, China e Rússia, juntamente com o Brasil e a África do Sul, fazem parte do grupo Brics de potências emergentes.

'Preocupação constante'

Nas ruas da capital indiana, os partidários do BJP comemoraram a vitória.

"Estamos muito felizes com os resultados", disse Archana Sharma, uma funcionária de escritório de 36 anos.

Para Govind Singh, optometrista de 38 anos, “uma oposição forte é necessária”, mas o governo deve ter uma maioria parlamentar:

"É essencial para todo o país."

A maioria dos analistas e as pesquisas de boca de urna previram uma grande vitória para Modi, acusado por seus detratores de instrumentalizar o Judiciário, prendendo líderes da oposição e atropelando os direitos das minorias religiosas.

O BJP, agora dependente de seus aliados de coalizão, terá de chegar a um consenso para aprovar seus projetos de lei no parlamento.

“A possibilidade de que eles exerçam sua influência, estimulados pelas propostas do partido do Congresso e de outros membros da oposição, será uma fonte de preocupação constante para o BJP”, observou o jornal Times of India.

De acordo com Hartosh Singh Bal, jornalista político da revista The Caravan, Modi agora terá de “trabalhar com seus parceiros de aliança (...) que podem se retirar a qualquer momento”.

A oposição teve de enfrentar a máquina eleitoral poderosa e altamente financiada do BJP e a ação legal contra vários de seus líderes.

A minoria muçulmana, que tem cerca de 200 milhões de adeptos, teme possíveis mudanças na Constituição secular da Índia, ameaçada pela agenda nacionalista hindu de Modi.

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