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Após passagem de ciclone, Moçambique confirma surto de cólera

Força dos ventos atingiu 200 quilômetros por hora, provocando a devastação de vilarejos inteiros, causando mortes e isolando pessoas

Moçambique: depois do ciclone Idai, a cidade de Beira vive um surto de cólera (Mike Hutchings/Reuters)

Moçambique: depois do ciclone Idai, a cidade de Beira vive um surto de cólera (Mike Hutchings/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de março de 2019 às 08h36.

Última atualização em 27 de março de 2019 às 11h12.

Moçambique confirmou nesta quarta-feira a temida aparição da cólera na região de Beira (centro), devastada há duas semanas pelo ciclone Idai, que matou cerca de 500 pessoas e deixou centenas de milhares de desabrigados no país.

"Temos cinco casos confirmados de cólera em Beira e seus arredores", declarou à AFP o diretor nacional da saúde, Ussein Isse. "Haverá mais casos porque a cólera é uma epidemia", advertiu.

"Estamos colocando em prática medidas para limitar o impacto", ressaltou.

De acordo com Isse, um milhão de doses de vacinas contra a cólera devem chegar no fim de semana na região.

No domingo, o ministro do Meio Ambiente, Celso Correia, havia alertado que uma epidemia era "inevitável", dada a estagnação da água e a falta de higiene nos abrigos de sobreviventes.

Acompanhado por ventos violentos e fortes chuvas, o ciclone Idai atingiu Beira, a segunda maior cidade de Moçambique de meio milhão de habitantes, no dia 14 de março, prosseguindo depois para o vizinho Zimbabué.

As autoridades de Maputo documentaram pelo menos 468 mortes no seu território, enquanto a Organização Internacional para as Migrações (OIM) relatou 259 mortes no Zimbabué.

Mas centenas de pessoas ainda estão desaparecidas e o número de mortos deve subir.

A ONU registrou quase 3 milhões de vítimas em ambos os países, assim como no Malauí, atingido por inundações no início de março antes da passagem do Idai. Só em Moçambique, o mau tempo fez 1,85 milhão de vítimas.

"Situação estável"

Duas semanas após a passagem do ciclone, a situação continua muito precária, apesar da mobilização das autoridades e da ajuda humanitária internacional.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), no auge da tempestade, cerca de 3.125 km2 foram inundados, incluindo vastas terras agrícolas cujas plantações foram destruídas.

Muitas pessoas perderam suas casas e falta comida, remédios e água potável.

A reabertura nos últimos dias de várias estradas no centro de Moçambique permitiu o início do transporte de ajuda de emergência para a população.

"Estabilizamos a situação em alguns distritos", assegurou nesta quarta-feira o ministro do Meio Ambiente, Celso Correia.

"Atualmente, estamos fornecendo alimentos, abrigos e remédios para mais de 300 mil pessoas na região (...) e mais de 170 mil pessoas já estão instaladas em nossos campos", acrescentou o ministro.

"A maioria tem acesso a um médico e água limpa, a situação está melhorando", disse ele.

As vítimas, no entanto, estão longe de estarem fora de perigo.

"Não saímos da estação chuvosa, ainda há risco de chuvas fortes, o que complicaria a situação", alertou Emma Batey, coordenadora do consórcio de ONGs Oxfam, Care e Save the Children.

Além da cólera e da diarreia, a água estagnada, más condições de higiene e as dificuldades no abastecimento de água potável aumentam o risco de febre tifoide e malária.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, estimou em pelo menos 250 milhões de euros o montante da ajuda necessária em Moçambique para os próximos três meses.

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