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Após morte de Kadafi, Líbia espera anúncio da 'libertação'

Expectativa é que a Otan anuncie oficialmente o fim do regime do ditador e a vitória dos rebeldes

O corpo de Muammar Kadafi: Otan garante que objetivo principal não era matar o ditador (AFP)

O corpo de Muammar Kadafi: Otan garante que objetivo principal não era matar o ditador (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 12h47.

Trípoli - Os líbios esperam o anúncio da "libertação" total do país no dia seguinte à morte do líder deposto Muammar Kadafi e à queda de Sirte, seu último reduto, que marcaram o final de 42 anos de um regime absoluto.

Os países membros da Otan devem se reunir durante a tarde para discutir o fim das operações militares na Líbia sob o comando da ONU.

"Para a Otan, a ação militar mais importante era a queda de Sirte e não a morte de Kadafi. Este nunca foi um objetivo da missão", afirmou um diplomata.

O ex-presidente, de 69 anos, foragido desde a tomada de Trípoli no fim de agosto, foi capturado vivo na quinta-feira em sua terra natal, próximo à cidade de Sirte, e assassinado a tiros, em circunstâncias ainda misteriosas.

Muammar Kadafi é o primeiro governante árabe morto desde o início da "Primavera Árabe".

"É um momento histórico, é o fim da tirania e da ditadura. Kadafi encontrou seu destino", disse o porta-voz oficial do Conselho Nacional de Transição (CNT), Abdel Hafez Ghoga.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos exigiu nesta sexta-feira "uma investigação sobre as questões sombrias relacionadas à morte do líder".

Imagens mostram Kadafi ferido, mas vivo sendo levado para um veículo pela multidão excitada. Ele desaparece em seguida, ao som de tiros.

De acordo com fontes, Muamar Kadafi tentava fugir de Sirte a bordo de um comboio de veículos que foi alvo de um ataque da Otan.


Segundo o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet, a aviação francesa "parou" o comboio e combatentes líbios destruíram os veículos, "de onde tiraram o coronel Kadafi".

Mohamed Leith, um comandante de Misrata, afirmou que o ditador não resistiu aos ferimentos que sofreu durante sua prisão.

"Kadafi estava em um Jeep, os rebeldes abriram fogo contra o veículo. Ele saiu e tentou fugir. Ele então se escondeu em um esgoto. Os rebeldes abriram fogo novamente e ele saiu carregando uma kalachnikov em uma mão e uma pistola na outra", explicou.

"Ele olhou à direita e à esquerda, perguntando 'o que está acontecendo'. Os rebeldes abriram fogo mais uma vez, feriram seu ombro e sua perna, e ele morreu em seguida".

Já o chefe Executivo do CNT, Mahmud Jibril, assegurou que Kadafi foi morto com um tiro na cabeça, após "uma troca de tiros entre combatentes pró-Kadafi e revolucionários" e "continuou vivo até chegar ao hospital" de Misrata.

"Eu desminto a informação de que demos a ordem para matar Kadafi", acrescentou.

Independentemente das circunstâncias exatas, o anúncio da morte do líder provocou comemorações em todo país.

De Trípoli a Benghazi, onde nasceu a revolta em meados de fevereiro, tiros de comemoração para o ar até a noite.

A comunidade internacional saudou a morte de Kadafi, na espera do fim da intervenção da Otan.


O presidente francês Nicolas Sarkozy, cujo país liderou junto do Reino Unido as ações militares na Líbia, pediu ao povo líbio que "perdoem" pela "reconciliação" e pela "unidade" do país.

"Não devemos nunca festejar a morte de um homem, não importa o que ele tenha feito", acrescentou o chefe de Estado francês. Para ele, a "operação" realizada pela Otan na Líbia "chegou ao fim".

O presidente americano Barack Obama afirmou que o fim do ex-ditador marca "põe um ponto final em um capítulo longo e doloroso" para os líbios, e lembrou que as novas autoridades de Trípoli precisam construir um país "democrático" e "tolerante".

O CNT anunciou que a proclamação da libertação total da Líbia será feita nesta sexta-feira ou no sábado para colocar fim ao conflito que já dura oito meses e custou a vida de pelo menos 30.000 pessoas.

Reconhecido pela ONU e por mais de 60 países como representante legítimo do povo líbio, o CNT tornou público no início de setembro uma "declaração constitucional".

Este documento prevê a adoção de um governo de transição em no máximo um mês após a proclamação da libertação. O governo terá a difícil tarefa de organizar em oito meses eleições gerais, e deverá passar seus poderes a uma Assembleia eleita.

Os cadáveres de Muammar Kadafi e seu filho Muatassim, também assassinado em Sirte, foram levados na quinta-feira à noite para Misrata.

A data e o local do sepultamento do ex-líder serão determinados na tarde de hoje, segundo o "ministro" da Informação Mahmud Chamam.

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