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Após mais de 300 mortes, OEA discute crise na Nicarágua

Treze países latino-americanos endurecem o discurso contra Daniel Ortega e exigem que “cessem imediatamente os atos de violência”

Nicarágua: parentes e amigos participam de enterro de Esteban Medina, que morreu durante uma ação do governo, na segunda-feira; mais de 300 pessoas morreram em protestos (Oswaldo Rivas/Reuters)

Nicarágua: parentes e amigos participam de enterro de Esteban Medina, que morreu durante uma ação do governo, na segunda-feira; mais de 300 pessoas morreram em protestos (Oswaldo Rivas/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 18 de julho de 2018 às 06h35.

Última atualização em 18 de julho de 2018 às 07h26.

Após mais de 300 pessoas terem sido mortas por forças do governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizará, nesta quarta-feira em sua sede em Washington, uma reunião extraordinária para discutir a crise que assola o país há três meses.

A reunião ocorre a pedido de sete países (Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos e Peru) em decorrência do endurecimento da repressão do governo nicaraguense contra os manifestantes que exigem a renúncia de Ortega.

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Nesta terça-feira, policiais e paramilitares das forças do presidente lançaram uma ofensiva contra a cidade de Masaya, a 30 quilômetros da capital Manágua, considerada o grande bastião da resistência contra Ortega. O principal alvo das forças do governo é o bairro indígena de Monimbó, reduto principal dos manifestantes, que se protegeram com barricadas.

No fim de semana, uma operação do governo em Masaya e em cidades nos arredores deixaram ao menos 10 mortos, segundo a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos. Os protestos começaram no dia 18 de abril, quando estudantes se organizaram em manifestações contra uma reforma da Seguridade Social, o equivalente à Previdência Social no Brasil. A dura repressão por parte do governo causou revolta na população e mais manifestações começaram a aparecer em diversas cidades do país pedindo pela saída de Ortega.

Um dos principais líderes do sandinismo, o movimento que derrubou a ditadura no país, Ortega foi reeleito em 2016 pelo terceiro mandato consecutivo e já acumula 11 anos no poder. Antes disso, ele já havia sido presidente entre 1985 e 1990. Seu mandato atual termina em 2022.

Nesta semana, o Departamento de Estado dos Estados Unidos condenou os ataques contra estudantes, jornalistas e membros da igreja, e pediu a realização de eleições “antecipadas, livres, justas e transparentes” como solução para sair da crise.

Treze países latino-americanos, entre eles Brasil, Argentina, Chile, Guatemala, México, Peru e Uruguai, também endureceram o discurso contra Ortega e emitiram, nesta segunda-feira, uma nota exigindo que “cessem imediatamente os atos de violência” e o “desmantelamento dos grupos militares”. Na nota, os países também pedem a realização de “eleições livres, justas e oportunas em um ambiente livre de medo, intimidações, ameaças ou violência”.

Em visita à Costa Rica, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou ser essencial que cesse “imediatamente” a violência e que a única solução possível é política, por meio do diálogo. “O número de mortos é totalmente inaceitável. É evidente que há um uso letal da força por entidades ligadas ao Estado, o que não é aceitável”, afirmou, nesta segunda-feira.

Soluções para a crise no país estão sendo testadas desde maio, quando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos chegou à Nicarágua para iniciar um diálogo nacional, a pedido da Conferência Episcopal do país. Evidentemente, não funcionou. Resta saber o que a OEA pode fazer.

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