Trump falando ao Congresso em 2019: presidente americano estará cara a cara com deputados que pediram seu impeachment (Doug Mills/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 06h35.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 10h34.
São Paulo — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estará frente a frente com os democratas que tentaram removê-lo da Presidência nesta terça-feira. Ele fará hoje o discurso anual do “Estado da União” na Câmara dos Representantes, casa controlada por seus opositores democratas e onde se iniciou o seu processo de impeachment.
Tradicionalmente, essa fala é o momento no qual o mandatário fala sobre a sua gestão aos representantes e ao público.
Lembrando que 2020 é um ano eleitoral, no qual Trump busca a reeleição, o que torna a sua fala ao Congresso ainda mais significativa, uma chance de dar aos americanos a sua versão dos fatos em um evento altamente televisionado e acompanhado. Em 2019, por exemplo, a audiência do discurso chegou a 47 milhões de pessoas.
A expectativa, portanto, está no tom que o presidente adotará. O impeachment, aliás, é um tema que os aliados de Trump preferem que fique de fora da pauta, focando em relembrar as conquistas recentes da gestão Trump na economia e do comércio exterior, como o acordo comercial com a China, as novas negociações com Canadá e México e a baixíssima taxa de desemprego.
Não à toa, o tema da fala será “o grande retorno dos Estados Unidos” (“The Great American Comeback”). “Queremos dar uma mensagem muito, muito positiva”, disse Trump a jornalistas no último domingo. Segundo Kellyanne Conway, conselheira da Casa Branca, muitos trechos terminam com a palavra “vencendo”. “O sucesso é a melhor vingança”, disse ela à emissora Fox News.
Se o objetivo é fugir de menção ao impeachment, Trump ganhou nesta madrugada uma bela carta na manga para tripudiar sua oposição, depois que os democratas não divulgaram resultados de suas primárias no estado de Iowa que aconteceram na segunda-feira.
Após o pleito, o partido anunciou que está verificando “inconsistências” na votação. O chefe de campanha de Trump, o republicano Brad Parscale, chamou o caso de “colapso”. “Eles nem conseguem fazer as próprias primárias e querem tomar conta do governo”, escreveu em seu Twitter.
Apesar de ser um estado pequeno, com uma população de apenas 3,1 milhões de habitantes, candidatos com sucesso em Iowa tendem a ter boas chances no resto da corrida presidencial.
Segundo as pesquisas, a disputa estava apertada entre o senador de Vermont, Bernie Sanders, o ex-vice-presidente Joe Biden, a senadora por Massachusetts, Elizabeth Warren, e o prefeito de Indiana, Pete Buttigieg. Houve uma leve liderança de Sanders em algumas pesquisas, mas o pleito estava praticamente indefinido antes da votação.
Por tudo isso, os americanos esperavam acordar nesta manhã sabendo o vencedor da primária, a primeira da corrida que se inicia para escolher o candidato democrata a concorrer com Trump nas eleições deste ano. Não se sabe se o presidente mudará o discurso à tempo de abordar o caso no Congresso. Mas, com a bagunça criada pelos democratas, Trump já obteve indiretamente sua primeira vitória.