Mundo

Após eleição calma, Quênia espera dividendos econômicos

Setor turístico pode ser o grande vencedor da eleição de Uhuru Kenyatta, dono de hotéis e de um vasto império empresarial

Turistas navegam na ilha de Lamu no Oceano Índico, na costa norte do Quênia (Goran Tomasevic/Reuters)

Turistas navegam na ilha de Lamu no Oceano Índico, na costa norte do Quênia (Goran Tomasevic/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2013 às 11h18.

Nairóbi/Mombaça - O setor turístico queniano pode ser o grande vencedor da eleição de Uhuru Kenyatta, dono de hotéis e de um vasto império empresarial, num momento em que a maior economia da África Oriental busca se beneficiar de um processo eleitoral que evitou a repetição da violência de cinco anos antes.

O turismo é um setor vital para o Quênia, um país de 40 milhões de habitantes, e essa atividade foi duramente afetada por causa da violência tribal que se seguiu à eleição presidencial de dezembro de 2007, afastando investidores e turistas.

Desta vez, a polêmica sobre quem poderia ou não votar foi travada por advogados, e não por capangas armados. O Judiciário passou por reformas e teve mais credibilidade do que nunca para lidar com esse caso, num sinal positivo para a confiança dos investidores.

Além de buscar mais visitantes, o Quênia quer também receber investimentos para a exploração de gás e petróleo, para financiar um novo porto na cidade de Lamu, para realizar outras obras de infraestrutura e para reforçar a posição do país como polo industrial regional.

"Os planos de investimento previamente suspensos no Quênia por causa da incerteza relacionada à eleição tendem agora a serem realizados", disse a economista Razia Khan, do banco Standard Chartered.

Os investimentos estrangeiros, disse ele, "podem demorar um pouco mais para terem um aumento significativo, mas isso também deveria ser o aumento de uma ascensão em curto prazo", afirmou.


Velhos problemas que incomodam os empresários, como a corrupção e a burocracia, não foram resolvidos com a decisão judicial de sábado que confirmou a eleição de Kenyatta contra seu rival Raila Odinga.

E a presidência de Kenyatta virá com outra carga: ele foi indiciado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. Esse indiciamento complica suas relações pessoais com governos ocidentais, embora diplomatas falem em uma abordagem "pragmática" que evite danos às relações comerciais.

"Há ainda a incerteza mais ampla pelo caso do TPI. Se as acusações serão mantidas é algo a se observar de perto", disse Khan. O presidente eleito, na votação de 4 de março, já disse que irá cooperar com o TPI para provar sua inocência.

Alguns empresários acham que Kenyatta, de 51 anos, filho do primeiro presidente do Quênia independente, pode ser uma dádiva para o turismo. Sua família é dona da rede hoteleira Heritage Group, além de ter negócios que abrangem de laticínios a bancos e escolas.

"Quando Kenyatta era presidente do Conselho de Turismo do Quênia, ele era alguém com quem podíamos conversar", disse Suresh Sofat, executivo-chefe da importante operadora de viagens local Somak Travel. "Ele entendia o turismo e estava lutando por todos nós."

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaQuêniaTurismo

Mais de Mundo

Biden deve ir à posse de Donald Trump nesta segunda-feira?

União Europeia deve traçar 'linhas vermelhas' nas relações com Trump, diz ministro francês

Mais de 200 caminhões de ajuda chegam do Egito no segundo dia de trégua em Gaza

Biden encerra mandato como presidente que concedeu mais perdões da história dos EUA