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Após declarações de Trump sobre diálogo com Putin, Zelensky diz que os EUA querem ‘agradar’ a Rússia

Fala do presidente ucraniano foi feita após líder republicano afirmar que se reunirá com seu homólogo russo ‘muito em breve’

Presidente da Ucrânia critica postura dos EUA sobre negociações com Putin (AFP)

Presidente da Ucrânia critica postura dos EUA sobre negociações com Putin (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 20h36.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2025 às 20h37.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que os Estados Unidos querem agradar a Rússia e criticou a fragilidade da defesa europeia. A declaração foi dada em entrevista à emissora pública alemã ARD, divulgada nesta segunda-feira. A fala ocorre no momento em que líderes da União Europeia (UE) e da Otan se reúnem em Paris para discutir a mudança na política americana sobre a guerra na Ucrânia.

“Os Estados Unidos estão decidindo agora coisas que são muito favoráveis a [Vladimir] Putin (...) porque querem agradá-lo”, disse Zelensky, segundo a tradução feita pela ARD. A entrevista foi gravada no sábado.

O ex-presidente Donald Trump prometeu encerrar rapidamente o conflito, mas não deu detalhes sobre sua estratégia. Aliados de Trump sugeriram que a Ucrânia pode ter que ceder territórios em troca de garantias de segurança, que não incluiriam a adesão do país à Otan. Esse cenário preocupa Kiev e potências europeias, que temem ficar de fora das negociações de paz.

A preocupação aumentou na última semana, após uma ligação entre Trump e Putin. O contato foi um dos principais temas discutidos na Conferência de Segurança de Munique, e, no domingo, Trump afirmou que poderá se encontrar com Putin "muito em breve".

Nesta segunda-feira, o Kremlin confirmou uma reunião entre autoridades russas e americanas, marcada para terça-feira na Arábia Saudita. Segundo Moscou, o encontro servirá para "restaurar" as relações entre os países e discutir "possíveis negociações sobre a Ucrânia". A Casa Branca, no entanto, negou que o evento seja o início de um acordo formal.

Zelensky fora das negociações?

Mais tarde, Trump garantiu a jornalistas que Zelensky estará envolvido nas negociações de paz. No entanto, ele não especificou se o líder ucraniano participará da reunião desta semana ou de uma cúpula posterior. Essa foi a primeira declaração oficial dos EUA confirmando a participação de Kiev nas discussões.

Trump também afirmou que Putin "precisa parar" e que não acredita que o presidente russo tenha novas ambições territoriais na Ucrânia. No entanto, seu Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, sugeriu que Zelensky deveria aceitar um acordo em que os EUA tomariam metade dos recursos minerais ucranianos em troca da continuidade do apoio militar.

“Não consigo pensar em nenhuma garantia de segurança melhor do que estar investindo com o presidente Trump. O povo americano merece ser reembolsado pelos bilhões investidos nesta guerra”, declarou Waltz à Fox News.

Waltz será um dos assessores de Trump que participarão da reunião na Arábia Saudita. Zelensky afirmou que nem ele nem seus principais assessores foram convidados. O presidente ucraniano já declarou, em outras ocasiões, que não aceitará um acordo entre EUA e Rússia sem a participação de Kiev.

“Eu nunca aceitarei qualquer decisão entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia. Nunca. E nosso povo, nunca também”, disse Zelensky à NBC.

Reunião de emergência em Paris

Nesta segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma reunião de última hora para discutir o novo cenário. O encontro reúne líderes de Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, além de representantes da UE e da Otan.

Um assessor de Macron afirmou que, diante das declarações americanas, os europeus precisam fortalecer sua segurança coletiva. O temor é que Putin reforce antigas exigências feitas antes da invasão da Ucrânia, incluindo limitar a presença da Otan na Europa Oriental e reduzir a influência dos EUA no continente.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defendeu um acordo "justo e duradouro" para a Ucrânia e não descartou o envio de tropas ao país. A Suécia também afirmou que pode participar de uma futura missão de paz. Já a Alemanha, assim como Polônia e Espanha, considera prematuro discutir essa possibilidade antes de um cessar-fogo.

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