Os presidentes Javier Milei e Donald Trump, durante encontro às margens da Assembleia Geral da ONU (Chip Somodevilla/AFP)
Redação Exame
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 10h03.
Última atualização em 24 de setembro de 2025 às 10h16.
Os Estados Unidos estão em negociações com a Argentina para estabelecer uma linha de swap (troca) cambial de US$ 20 bilhões, além de estarem avaliando a compra de bônus em dólares do país, afirmou o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, nesta quarta-feira, 24.
“O Tesouro está atualmente em negociações com autoridades argentinas para uma linha de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central”, disse Bessent no X. “Estamos trabalhando em estreita coordenação com o governo argentino para evitar volatilidade excessiva
Bessent destacou a estreita coordenação do Tesouro com as autoridades argentinas para garantir a estabilidade financeira, e afirmou que a linha de swap ajudaria a mitigar a volatilidade excessiva do mercado.
O anúncio acontece um dia depois de uma reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder argentino, Javier Milei, realizada à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Trump disse que os EUA apoiarão Milei e disse que o apoia para disputar a reeleição, embora as próximas eleições sejam só em 2027.
Às 9h31, no horário de Brasília, o dólar oscilava no país, cotado a 1.367,68 pesos argentinos.
Na semana passada, o dólar disparou no país e rompeu o teto da banda de flutuação prevista pelo governo, de 1.474,50 pesos por dólar. Em resposta, o Banco Central passou a vender suas reservas para tentar segurar a cotação da moeda, em quantidades cada vez maiores.
Na quarta-feira passada, 17, foram vendidos US$ 53 milhões. No dia seguinte, quinta-feira, o montante subiu para US$ 379 milhões. Na sexta, chegou a US$ 678 milhões. Em três dias, mais de US$ 1 bilhão das reservas do BC foi queimado para segurar o câmbio.
Com o apoio dos EUA, a alta foi contida. Às 9h31, no horário de Brasília, o dólar oscilava no país, cotado a 1.367,68 pesos argentinos.
Em abril, Milei abandonou o câmbio fixo e adotou um modelo de flutuação dentro de bandas. Se o dólar subir ou cair fora da faixa determinada, o Banco Central deve atuar para trazer o valor da moeda de volta ao previsto.
Milei tenta conter a alta do dólar antes das eleições de 26 de outubro, que redefinirão o controle do Congresso. O partido do presidente tem apenas 36 dos 257 assentos na Câmara dos Deputados, e a eleição traria a possibilidade de um avanço, que pode permitir a aprovação de mais pautas.
Por outro lado, um avanço da oposição pode reduzir o apoio de outros partidos de centro e de direita ao governo Milei e reduzir seu poder na reta final do mandato.
Uma das contas que o mercado anda fazendo é se as atuais reservas do Banco Central serão suficientes para manter a cotação dentro da banda ou não até a eleição.
O BC diz ter atualmente US$ 39 bilhões em reservas totais, mas o dinheiro precisa ser usado também para outros compromissos, como pagar dívidas externas.
O FMI liberou parcelas bilionárias de empréstimos à Argentina neste ano e apoia o programa de flexibilização do câmbio.
O fundo tem dado apoio público a Milei e elogiado suas conquistas, como a de conseguir baixar a inflação de 211% ao ano em 2023 para 117% em 2024. Neste ano, a previsão, antes da crise atual, era de que ela poderia fechar 2025 em torno de 30% anuais.