Mundo

Após caos em Gaza, NYT chama plano de Trump para Jerusalém de “fracasso”

Para jornal americano, decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel jogou fora 70 anos de neutralidade dos EUA no conflito

Ivanka Trump inaugura embaixada americana em Jerusalém: jornal NYT chamou a cerimônia de "vergonhosa" (Ronen Zvulun/Reuters)

Ivanka Trump inaugura embaixada americana em Jerusalém: jornal NYT chamou a cerimônia de "vergonhosa" (Ronen Zvulun/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 15 de maio de 2018 às 10h16.

Última atualização em 15 de maio de 2018 às 10h21.

São Paulo – A esperada abertura da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém deveria representar o fim de uma guerra. No entanto, ao invés de observar a paz entre Israel e a Palestina, o mundo testemunhou soldados israelenses atirando contra manifestantes, matando dezenas e ferindo centenas na Faixa de Gaza, constatou o jornal americano The New York Times em editorial publicado nesta segunda-feira.

No último dia 14 de maio, o presidente americano, Donald Trump, oficializou a abertura da embaixada americana na cidade, que é disputada tanto pelos israelenses quanto pelos palestinos. A data escolhida marcou o aniversário de 70 anos da fundação do Estado de Israel e foi um dia antes do evento que os palestinos chamam de “Nakba” (a “catástrofe”), o êxodo causado por essa criação.

Para a publicação, que intitulou a peça opinativa do conselho editorial como “O fracasso de Trump em Jerusalém” e chamou a cerimônia de "vergonhosa", a decisão tomada pelo presidente de mudar a embaixada foi um presente livre de condição ao governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e um golpe nos palestinos, que lutam há anos pelo reconhecimento do seu Estado.

“Por décadas, os EUA se orgulharam de ser o mediador entre Israel e Palestina”, continuou o artigo, “e sucessivas administrações apostaram em uma fórmula de paz entre as duas partes que tratasse das questões fundamentais”. Tal fórmula, lembrou o NYT, culminaria numa Jerusalém vista como uma capital dividida entre israelenses e palestinos.

“O anúncio de Trump de que reconheceria Jerusalém como capital de Israel e a mudança da embaixada de Tel Aviv jogaram fora 70 anos de neutralidade americana”, considerou o jornal.

Enquanto a cerimônia de abertura acontecia, sem a presença de Trump, protestos convocados por movimentos palestinos eclodiram em Gaza e a violência explodiu entre manifestantes e soldados israelenses. Como resultado ao menos 60 pessoas morreram e quase três mil ficaram feridas. A expectativa é a de que as demonstrações continuem nesta semana.

“Israel tem todo o direito de defender a sua fronteira”, notou o NYT, “mas as autoridades não são convincentes quando argumentam que apenas munição real é capaz de proteger Israel”.

Do outro lado, a publicação avalia que a Palestina foi por muito tempo comandada por figuras “corruptas ou violentas, ou os dois” que falharam em se esforçar pela paz. “Mesmo agora”, disse o NYT, “moradores de Gaza estão minando a própria causa ao recorrer a atos de violência em vez de manter os protestos pacíficos”.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseDiplomaciaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Faixa de GazaGuerrasIsraelThe New York Times

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga