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Após 15 anos de esquerda, Lacalle Pou assume presidência do Uruguai

O advogado de 46 anos assume o cargo em um país com uma economia estagnada, um déficit fiscal de 4,6% e um aumento no desemprego

Lacalle Pou: novo presidente assume o cargo depois de derrotar o candidato oficialista Daniel Martínez em novembro, por uma diferença de 1,5% dos votos (Mariana Greif/Reuters)

Lacalle Pou: novo presidente assume o cargo depois de derrotar o candidato oficialista Daniel Martínez em novembro, por uma diferença de 1,5% dos votos (Mariana Greif/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de março de 2020 às 11h59.

O Uruguai encerra, neste domingo (1), 15 anos de governos de esquerda com a posse do liberal Luis Lacalle Pou, que assume a presidência com a promessa de diminuir os gastos públicos, reduzir a insegurança e facilitar a imigração.

O líder de centro-direita do Partido Nacional (PN), que conseguiu derrotar a Frente Ampla (FA, esquerda) com uma coalizão de cinco forças políticas que vão do centro até uma direita mais radical, receberá a faixa presidencial do presidente Tabaré Vázquez às 16h40 na Plaza Independencia.

Antes, no Palácio Legislativo, sede do Parlamento, o ex-presidente José Mujica tomará o juramento de Lacalle Pou diante de todos os legisladores. Mujica assumirá essa tarefa como presidente da Assembleia Geral, cargo que passará a ser ocupado pela nova vice-presidente, Beatriz Argimón.

Lacalle Pou, advogado de 46 anos que foi legislador por duas décadas, chega à presidência em sua segunda tentativa depois de derrotar o candidato oficialista Daniel Martínez em novembro, por uma diferença de 1,5% dos votos.

Após o juramento, irá à Plaza Independencia em um Ford V8 de 1937 que pertenceu ao seu bisavô Luis Alberto de Herrera, líder histórico do PN. O veículo também foi usado por seu pai, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), no dia de sua posse.

Centenas de partidários do PN vieram de diferentes partes do país para acompanhar a cerimônia.

- Desafios -

Lacalle Pou, que assume a presidência em um país com uma economia estagnada, um déficit fiscal de 4,6% e um aumento no desemprego, anunciou que tomará medidas imediatas em várias frentes, desde a redução dos gastos públicos à facilitação da imigração ou combate à insegurança.

Um de seus primeiros desafios será a aprovação da Lei de Urgente Consideração (LUC), com 457 artigos que tratam de questões como segurança, economia e educação. Este projeto, que o Parlamento deve aprovar em no máximo 90 dias, já gerou protestos de vários setores e levou o sindicato dos professores a convocar uma greve para 12 de março.

Até integrantes da coalizão governista formada pelo PN, o Partido Colorado (PC, liberal), Cabildo Abierto (CA, direita radical), o Partido da Gente (PG, direita) e o Partido Independente (PI, social-democrata) apresentaram modificações ao rascunho.

O novo presidente também anunciou sua intenção de implementar mudanças radicais na política externa. Para sua posse não convidou os presidentes de esquerda de Cuba, Nicarágua e Venezuela, cujo presidente Nicolás Maduro descreveu como "ditador".

Em contrapartida, contará com os presidentes direitistas do Brasil, Colômbia, Paraguai e Chile. Também o rei Felipe VI da Espanha, que Lacalle Pou recebeu no sábado com um churrasco em casa.

O presidente argentino, Alberto Fernández, declinou do convite, alegando que, no mesmo dia, abrirá as sessões ordinárias do Congresso.

A saída de Vázquez, que termina seu segundo mandato (2015-2020), encerrar três governos consecutivos da FA.

O ciclo progressista culmina marcado pela aprovação de leis sociais - como a regulamentação do uso de maconha, do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo - mas também pelo aumento dos salários e aposentadorias, pela expansão do acesso a saúde, declínio acentuado da pobreza e períodos de crescimento recorde do PIB.

No entanto, os últimos cinco anos registraram estagnação econômica, aumento do desemprego e aumento da insegurança. O que ajuda a explicar sua derrota nas últimas eleições.

"O Uruguai nunca entrou em recessão e teve 16 anos de crescimento ininterrupto com a melhor distribuição de riqueza" da América Latina, disse Vázquez na sexta-feira à noite em uma cerimônia de despedida.

"O crescimento econômico com justiça social é o legado político dos três governos da FA", disse o presidente, antes de destacar a "paz social" do país em uma região convulsionada.

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