Por volta das 22h, a multidão de apoiadores esperava pelo discurso de Milei. (Rafael Balago/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 26 de outubro de 2025 às 22h20.
Buenos Aires — Com a confirmação da vitória do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas da Argentina, centenas de apoiadores dele foram até a frente do hotel Libertador, onde ele se reuniu com seus aliados para acompanhar a apuração.
Com isso, a multidão passou a ocupar a avenida Córdoba, uma das principais rotas do centro da cidade, mas a polícia deixou uma faixa livre para a circulação dos carros. A outra metade da multidão ficou do outro lado da rua.
Acabar com os protestos que bloqueavam as ruas, uma tradição Argentina de décadas, é uma das principais ações do governo Milei. Foram criadas novas punições para quem impedir a circulação.
Por volta das 22h, a multidão de apoiadores esperava pelo discurso de Milei. Muitos assistem à TV pelo celular, para conferir os números finais da apuração.
Diversos carros passam buzinando, em sinal de apoio. Vendedores oferecem bandeiras do partido por até 20 mil pesos cada.
Foi neste mesmo hotel que Milei passou a noite da apuração em 2023, quando foi eleito presidente.
Os dados da apuração das eleições legislativas da Argentina mostraram uma vitória do partido A Liberdade Avança (LLA), de Milei.
A primeira rodada de dados oficiais da apuração foi divulgada perto das 21h20. Na disputa para a Câmara dos Deputados, com 91,5% dos votos apurados, o partido do governo somava 40,84% dos votos, o que garante 64 assentos. O Fuerza Patria, de oposição e peronista, somava 24,5% dos votos, que garantem 31 assentos.
O LLA também está à frente na província de Buenos Aires, um reduto peronista histórico, o que dá ainda mais peso à vitória. A região é também a mais populosa do país. O partido governista foi o mais votado na maioria das províncias do país.
O resultado deverá dar impulso para Milei aprovar mais reformas e recuperar a força para a segunda metade de seu mandato, após meses em que o governo viveu uma série de crises.
No pleito atual, serão renovados 127 assentos da Câmara, de um total de 257 e 24 dos 72 senadores.
Para cravar uma vitória, o governo Milei precisaria conquistar ao menos um terço dos votos no Congresso, ou cerca de 85 de 257. Este é o total necessário para impedir a derrubada de vetos presidenciais e conseguir o avanço de algumas medidas. Atualmente, ele tem 38 assentos.
Reformas mais amplas, no entanto, demandam 129 assentos, ou metade mais um. Para elas, Milei terá de fazer acordos com outros partidos.
Os dados foram divulgados com atraso. A previsão inicial era que a primeira rodada de informação fosse divulgada às 21h. Ao mesmo tempo, a apuração foi mais rápida que em anos anteriores, por conta da adoção de uma cédula de votação unificada.
Milei foi eleito com cerca de 40% dos votos para presidente. Assim, ficar abaixo desse percentual indicaria que Milei perdeu apoio popular, segundo analistas. Pesquisas indicam que 40% dos argentinos aprovam a gestão do presidente.
A votação desde domingo atraiu apenas 67,8% dos eleitores, em um país onde o voto é obrigatório. É um dos menores percentuais das últimas eleições.