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Apoiadores de Evo Morales ocupam quartel e mantêm 20 militares como reféns na Bolívia

Onda de protestos tomou o país há 19 dias, com bloqueio de estradas importantes em defesa do ex-presidente, investigado pelo abuso sexual de uma menor de idade

Crise política na Bolívia: apoiadores de Evo Morales ocupam quartel militar (AFP)

Crise política na Bolívia: apoiadores de Evo Morales ocupam quartel militar (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 1 de novembro de 2024 às 17h35.

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Apoiadores do ex-presidente boliviano Evo Morales ocuparam um quartel e mantêm 20 militares como reféns na cidade de Cochabamba, na Bolívia. A informação foi divulgada pelas Forças Armadas, que também relataram o roubo de armas e munições por "grupos armados irregulares". O incidente ocorre em meio a uma onda de instabilidade que já dura 19 dias, com protestos e bloqueios em importantes vias do país em resposta à suposta "perseguição judicial" contra Evo, ex-aliado e agora opositor do presidente Luis Arce.

Conflito com as forças de segurança

“As pessoas que pegarem em armas contra a pátria serão consideradas traidoras e enfrentarão consequências”, afirmou o comunicado das Forças Armadas, que destacou que os reféns "são filhos do povo cumprindo seu dever sagrado com a pátria".

Mais cedo, vídeos mostraram cerca de 2.000 manifestantes invadindo o quartel militar do Regimento "Cacique Juan Maraza", em Villa Tunari, a 160 km de Cochabamba. O departamento central de Cochabamba tornou-se o centro dos protestos em apoio a Evo Morales. Camponeses e mineiros fecharam estradas com pedras, troncos e fogueiras, afirmando que estão prontos para uma “resistência” de longo prazo em defesa de Evo, acusado de abuso de uma menor de idade — acusação que ele nega.

Manifestantes utilizam estilingues — ou huaracas, no idioma quíchua — para atirar pedras nas forças de segurança. Desde o início dos protestos, 61 policiais e nove civis ficaram feridos, muitos com lesões cerebrais traumáticas, segundo dados oficiais.

Crise econômica agrava protestos contra Arce

Embora os protestos tenham começado em defesa de Evo Morales, manifestantes agora exigem também a renúncia do presidente Luis Arce, que não conseguiu resolver a crise de escassez de moeda estrangeira. Na última quarta-feira, Arce exigiu o “fim imediato dos bloqueios”, ameaçando usar “seus poderes constitucionais” para retomar o controle das vias.

Nos arredores da ponte Parotani, bloqueada por manifestantes, sentinelas observam o horizonte para alertar sobre o movimento das forças de segurança. A polícia tenta liberar a passagem para reabastecer Cochabamba, onde a paralisação elevou os preços de produtos essenciais.

Durante a vigília, a pastora Nicolasa Sánchez, 59, trança novas huaracas enquanto aguarda. “Nossas huaracas são infinitas, como as pedras que usamos”, afirma Juanita Ancieta, líder da Central de Mulheres Camponesas Bartolina Sisa.

A falta de eletricidade há quatro dias em algumas regiões dificulta o acesso à água, forçando manifestantes a usarem a água do rio. “Nós vamos resistir até o fim”, promete Flores, com sua huaraca nas mãos, ecoando o espírito de resistência.

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