Montadora de automóveis: cerca de 60 milhões de veículos foram chamados para reparos neste ano na América do Norte (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2014 às 10h36.
Washington - Apesar do número recorde de "recalls" que as montadoras se viram obrigadas a fazer em 2014 para reparar defeitos de fabricação, especialistas estão de acordo que os veículos de hoje são os mais seguros da história.
Cerca de 60 milhões de veículos foram chamados para reparos neste ano na América do Norte, superando o recorde de 1999, quando o setor se viu obrigado a consertar 55,5 milhões de unidades por problemas de fabricação.
E, apesar disso, o Instituto para a Segurança nas Estradas dos Estados Unidos (IIHS), um órgão independente financiado pelas companhias de seguros, disse na semana passada que os novos veículos são mais seguros do que nunca.
O IIHS, que realiza testes de impacto na imensa maioria dos veículos que circulam nas estradas americanas, informou que o número de modelos que obtiveram a maior pontuação possível em termos de segurança para seus ocupantes passou de 39 em 2013 para 71 em 2014.
"Nossos testes mostram que os projetos dos veículos para proteger e inclusive prevenir impactos estão experimentando uma grande melhora", indicou a organização em comunicado.
O IIHS deu uma explicação diante da aparente contradição entre os exacerbados números de recalls de 2014 e os resultados de seus testes de impacto.
"A chave que o público tem que lembrar é que os defeitos são algo raro. Os fabricantes estão tentando se antecipar aos problemas, e por isso é que há tantos recalls", argumentou o IIHS, que há anos pressiona as montadoras para que melhorem a segurança de seus veículos.
Dos aproximadamente 60 milhões de recalls de 2014, um total de 30.415.462 correspondem à General Motors (GM).
Ao longo do ano, a GM efetuou 80 recalls por todo tipo de defeitos, desde problemas no jogo de luzes do Cadillac ATS até a famosa falha do sistema de ignição que afeta uma grande variedade de modelos.
Só este defeito, e suas diversas variantes, forçou a GM a anunciar a reparação de 15.989.742 unidades na América do Norte (14.204.632 delas nos Estados Unidos) em várias campanhas.
Além disso, um defeito relativamente barato de evitar (segundo algumas estimativa, teria custado à GM apenas US$ 5 por unidade mudar o projeto defeituoso do sistema de ignição) se transformou em um custoso problema de bilhões de dólares para a montadora.
O defeito também obrigou o órgão que regula a segurança do setor nos Estados Unidos, a Administração Nacional para a Segurança na Estrada (NHTSA), a aumentar sua pressão sobre as montadoras para que prestem mais atenção e ajam com mais rapidez em relação a possíveis defeitos.
Um exemplo do renovado interesse da NHTSA em manter a pressão foi o caso da companhia japonesa Takata, uma das principais fabricantes de airbag do mundo.
A Takata reconheceu que uma de suas fábricas no México produziu há anos sistemas defeituosos que podem explodir quando o airbag é ativado em condições de elevada umidade.
Esses airbag estão instalados em veículos de diversas marcas na América do Norte, e a Takata iniciou campanhas para um recall em lugares com elevada umidade.
Mas a NHTSA considera que há casos nos quais esses airbags também explodiram em locais onde não existe elevada umidade, por isso solicitou à Takata que amplie os recalls a todos os airbags, algo ao qual a companhia japonesa se negou.
Diante da recusa da Takata, a NHTSA informou que imporá pesadas multas à empresa. E o órgão está pressionando as montadoras para que ajam em função da recusa da Takata, o que aumentará a conta de veículos chamados para reparos.
O que tanto o defeito do sistema de ignição da GM como o dos airbags da Takata têm em comum é que são problemas cuja origem remonta a anos atrás.
Esse fato reforça a declaração do IIHS de que os veículos de hoje em dia são os mais seguros da história e melhores que o que os vários recalls parecem indicar.