Fragilidade econômica da Europa impede grande valorização do euro (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2011 às 23h30.
São Paulo - A lógica econômica diria que, após o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos, a tendência natural seria de desvalorização do dólar.
O governo americano, aliás, não torceria o nariz para essa situação. Uma moeda mais fraca facilitaria as exportações, ajudando a recuperação do país que não pode contar neste momento com um mercado interno pujante.
Porém, esse cenário de enorme enfraquecimento do dólar não deve se concretizar no curto prazo por diversos motivos. Vejamos:
1 - Duas agências ainda dão nota AAA
O rebaixamento da nota de risco dos Estados Unidos dado pela Standard and Poor's não deve gerar uma onda de vendas de títulos americanos pelos fundos de pensão. As regras da maioria dos fundos preveem a compra de papéis que tenham nota AAA na avaliação de pelo menos duas agências. Portanto, enquanto a Moddy's ou a Fitch não der um downgrade, o dólar não vai desabar.
2 - A Europa e o Japão estão em dificuldades
Por mais que o dólar tenha perdido valor frente ao euro e ao iene desde o estouro da crise, a fragilidade econômica da Europa e do Japão impede grandes valorizações de suas moedas. Aliás, os governos desses países não têm interesse em que isso aconteça. Ainda que a situação fiscal dos Estados Unidos tenha piorado - e isso é um fato -, o quadro europeu e japonês não é tão melhor.
3 - Falta um substituto para o dólar
A cotação do ouro disparou, mas o metal não tem liquidez suficiente para absorver uma fuga em massa do dólar. Os chineses clamam por uma "nova e estável moeda global para evitar catástrofes causadas por um só país", mas ainda leverá muito tempo até que uma reserva de valor internacional seja criada.
4 - O câmbio na China é controlado
Seria natural imaginar que a China fosse o destino de investidores que estivessem fugindo dos Estados Unidos. Porém, o câmbio chinês é controlado a "mão de ferro" pelo governo, que impede a sua valorização. Sendo assim, a cotação do dólar frente ao iuane não deve sofrer grandes quedas.
5 - Existe um teto para os emergentes
Embora haja um consenso de que os emergentes - o Brasil, inclusive - estão em condições de resistir bem a um eventual duplo mergulho na crise por parte dos países desenvolvidos, suas economias ainda não gozam de credibilidade suficiente para atrair uma massa incalculável de investidores. Nesse contexto, o real pode até se valorizar um pouco mais, porém é difícil encontrar algum economista que preveja um dólar muito abaixo de R$ 1,50.