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Apagão paralisa Venezuela e Maduro denuncia "sabotagem"

Chama de "guerra elétrica" por chavistas, queda de energia atingiu comércio, transporte e até mesmo partida de futebol no país

Venezuela: apagão foi classificado por regime de Maduro como "guerra elétrica" (Carlos Jasso/Reuters)

Venezuela: apagão foi classificado por regime de Maduro como "guerra elétrica" (Carlos Jasso/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de março de 2019 às 06h07.

Última atualização em 8 de março de 2019 às 09h54.

Um extenso apagão deixou Caracas e grandes regiões da Venezuela no escuro nesta quinta-feira (7), e o governo de Nicolás Maduro denunciou uma "sabotagem" contra a principal barragem de geração de energia elétrica no país.

De acordo com a imprensa, o apagão afeta a Venezuela toda, com cortes em 23 dos 24 estados, incluindo Zulia, Táchira, Mérida e Lara (oeste), Miranda, Vargas, Aragua e Carabobo (centro-norte), Cojedes (centro), Monagas e Anzoátegui (leste) e Bolívar (sul).

"Sabotaram a geração na (central hidrelétrica de) Guri... Isso faz parte da guerra elétrica contra o Estado. Não permitiremos", publicou no Twitter a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec).

Guri, em Bolívar, é uma das maiores represas geradoras de energia da América Latina, atrás apenas da de Itaipu, entre Brasil e Paraguai.

A luz foi cortada em Caracas às 16H50 local (17H50 de Brasília), afetando amplas zonas da cidade e serviços como o metrô.

O governo fechou escolas e suspendeu o horário de trabalho em Caracas e outras grandes cidades.

O presidente Nicolás Maduro "suspendeu as aulas e o horário de trabalho hoje para facilitar os esforços para recuperar o serviço elétrico no país", escreveu a vice-presidente, Delcy Rodríguez, em sua conta no Twitter.

O apagão afetou ainda o Aeroporto Internacional Simón Bolívar, segundo o relato de passageiros nas redes sociais.

Linhas telefônicas e internet têm serviços intermitentes.

A partida entre Deportivo Lara e Emelec do Equador pelo Grupo B da Copa Libertadores - prevista para esta noite em Barquisimeto - foi adiada para a tarde de sexta-feira.

Sete horas após o início do apagão, vários bairros de Caracas permaneciam sem energia, em meio a panelaços de protesto.

Na capital, com altos índices de criminalidade, a população voltou para casa na luz do dia e quase não há atividade noturna.

"Já estamos cansados, esgotados", declarou à AFP Estefanía Pacheco, mãe de duas crianças, obrigada a andar 12 km entre seu trabalho como executiva de vendas, no oeste da capital, até sua casa, no oeste.

Em um país onde a inflação deve atingir os 10.000.000% em 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional, a falta de energia também paralisa o comércio, impedindo as transações eletrônicas, hoje utilizadas até para as compras de valor ínfimo.

Os apagões são comuns na Venezuela, sendo crônicos na região ocidental, embora venham se espalhando para outras áreas.

Especialistas responsabilizam o governo socialista pela falta de investimentos na infraestrutura elétrica devido à grave crise econômica.

 

"Guerra elétrica"

Por volta da meia-noite, a vice-presidente Delcy Rodríguez denunciou um "ataque de grande envergadura", informando a volta da eletricidade aos estados de Bolívar, Anzoátegui, Monagas e Nueva Esparta, no leste do país.

Rodríguez responsabilizou "setores extremistas" e o senador americano Marco Rubio pelo apagão, que chamou de "repórter do crime".

Horas antes, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, havia denunciado uma "sabotagem criminosa, brutal", que busca deixar o país sem eletricidade por vários dias.

Segundo Rodríguez, a eletricidade já voltou a zona leste da Venezuela e nas próximas horas deverá ser restabelecida nas demais regiões.

No Twitter, o presidente Nicolás Maduro acusou os Estados Unidos: "A guerra elétrica anunciada e dirigida pelo imperialismo americano contra nosso povo será derrotada. Nada nem ninguém poderá vencer o povo de Bolívar e Chávez. Máxima união dos patriotas".

Há um ano, Maduro ordenou à Força Armada ativar um plano especial para proteger as instalações do sistema elétrico diante da "guerra" para gerar o descontentamento popular, mas as falhas persistem.

Maduro, reeleito no ano passado em eleições questionadas, não é mais considerado presidente por Estados Unidos e outros 50 países, que reconhecem o líder opositor Juan Guaidó, chefe do Parlamento, como o mandatário legítimo da Venezuela.

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