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Apagão na Europa: energia é reestabelecida quase totalmente na Espanha e Portugal

Espanha já restabeleceu 87,37% da eletricidade; em Portugal, 6,2 milhões de clientes voltaram a ter energia

Apagão na Europa: Pessoas embarcam em ônibus em frente à estação de trem Atocha, em Madri, após seu fechamento devido ao grande apagão que atingiu a Espanha (THOMAS COEX/AFP)

Apagão na Europa: Pessoas embarcam em ônibus em frente à estação de trem Atocha, em Madri, após seu fechamento devido ao grande apagão que atingiu a Espanha (THOMAS COEX/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 29 de abril de 2025 às 06h55.

A energia elétrica foi restabelecida nesta terça-feira, 29, na Espanha e em Portugal, após longas horas de um apagão massivo de origem desconhecida, que provocou um dia caótico na Península Ibérica.

Nas ruas de Madri, o retorno da eletricidade foi muitas vezes acompanhado por aplausos e gritos de alegria dos moradores, depois de um longo dia sem luz, e em muitos casos sem internet nem celulares.

Por volta das 4h de terça-feira (23h de segunda-feira, no horário de Brasília), 87,37% do fornecimento elétrico já havia sido restabelecido na Espanha continental, anunciou a operadora da rede REE.

Em Portugal, segundo a operadora local REN, cerca de 6,2 milhões de usuários voltaram a ter energia, de um total de 6,5 milhões de clientes.

Pouco antes, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, reconhecera que ainda não era possível afirmar "com certeza" quando se alcançaria 100% do restabelecimento.

Meia hora depois do meio-dia de segunda-feira, grande parte da Península Ibérica ficou sem energia. De repente, celulares perderam sinal, aparelhos eletrônicos desligaram-se e elevadores e trens pararam.

- As pessoas estão atônitas, porque isso nunca havia acontecido na Espanha - comentou em Madri Carlos Condori, um operário de 19 anos.

A magnitude do apagão não tem precedentes na Espanha, indicou Pedro Sánchez em uma declaração no final da noite, feita a partir do Palácio de La Moncloa, sede do governo, onde reiterou que não se pode descartar "nenhuma hipótese" sobre sua origem.

- Às 12h33 desta manhã, 15 gigawatts de geração desapareceram subitamente do sistema (...) em apenas cinco segundos. Isso nunca tinha acontecido antes - afirmou o líder socialista.

- Quinze gigawatts equivalem a aproximadamente 60% da demanda do país naquele momento - detalhou. - O que provocou esse desaparecimento súbito do fornecimento? É algo que os especialistas ainda não conseguiram determinar, mas conseguirão - prometeu Sánchez.

Ele também recomendou que trabalhadores não essenciais não fossem trabalhar nesta terça-feira.

11 trens bloqueados

Com os semáforos apagados, a polícia teve que se esforçar para organizar um tráfego caótico que congestionou as principais vias urbanas. As autoridades pediram à população que evitasse usar seus veículos, mas, sem eletricidade, muitas pessoas não souberam dos avisos.

- Fecharam e não avisaram nada - lamentava, em frente a uma estação ferroviária de Barcelona, Lucía Romo, empregada de limpeza de 48 anos, que já esperava há três horas por uma alternativa para voltar para casa, na área metropolitana.

O administrador espanhol das infraestruturas ferroviárias (Adif) anunciou no X que "os serviços ferroviários de todas as companhias estavam suspensos até novo aviso" e pediu à população que não fosse às estações.

Na noite de segunda-feira, cerca de dez horas após o início do apagão, ainda havia 11 trens bloqueados com passageiros a bordo, segundo o ministro espanhol dos Transportes.

Sem 'indícios' de ciberataque

Mais cedo, Sánchez afirmou que o apagão provocou uma "interrupção generalizada do fornecimento em toda a Península Ibérica e em algumas áreas do sul da França", afetando milhões de pessoas e gerando "prejuízos econômicos em negócios, empresas e indústrias".

- Quero fazer um apelo à cidadania para colaborar com todas as autoridades, agir com responsabilidade e civismo, como sempre fizemos durante crises passadas - enfatizou Sánchez.

Ele também pediu que a população limitasse o uso de celulares, para evitar sobrecarregar a rede, e apontou que "as telecomunicações estão em um momento crítico".

De Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, afirmou no X que, até o momento, "não há indícios" de que o apagão tenha sido causado por um ciberataque.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou no X que seu país estava pronto para "ajudar" a Espanha, graças à "experiência" em "enfrentar qualquer desafio energético, inclusive apagões", após "anos de guerra e ataques russos".

Diante da falta de fornecimento elétrico externo, os reatores das usinas nucleares espanholas que estavam em operação "foram desligados automaticamente", informou o Conselho de Segurança Nuclear, procedimento normal nestas situações.

De repente

O tráfego aéreo também foi muito afetado, especialmente nos aeroportos de Madri, Barcelona e Lisboa, segundo o organismo europeu Eurocontrol, responsável pela vigilância do tráfego aéreo.

- Eu estava no escritório quando, de repente, meu computador desligou - contou à AFP Edgar Pereira, um publicitário de 34 anos, em Lisboa.

Outros países também já sofreram apagões massivos sem causa diretamente ligada a fenômenos meteorológicos, como Tunísia em setembro de 2023; Sri Lanka em agosto de 2020; Argentina e Uruguai em junho de 2019; ou a Índia, onde metade do país ficou sem energia em julho de 2012.

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