Ajuda humanitária lançada do ar por um avião militar sobre o norte da Faixa de Gaza, vista do lado israelense da fronteira com Gaza, no sul de Israel, neste domingo, 3 (Abir Sultan/EFE)
Agência de Notícias
Publicado em 3 de agosto de 2025 às 09h40.
Cidade de Gaza, 3 ago (EFE).– Os hospitais de Gaza receberam neste domingo pelo menos 44 mortos atribuídos a ataques israelenses, dos quais 22 estavam tentando recolher comida em diferentes pontos do enclave.
Fontes hospitalares gazatinas informaram esse número à EFE, sem detalhar por enquanto onde exatamente ocorreram os ataques.
A EFE pôde confirmar, por meio de dois hospitais da Faixa, que 16 gazatinos morreram neste domingo, supostamente por disparos do Exército israelense, quando tentavam recolher alimentos em dois pontos de distribuição de ajuda da Fundação Humanitária para Gaza (GHF), dos Estados Unidos, dois dias após o enviado dos EUA ao Oriente Médio, Steve Witkoff, visitar um desses pontos.
Nove dos mortos estavam próximos ao centro de distribuição SDS2, localizado no Bairro Saudita de Rafah, no sul de Gaza, segundo informou à EFE o hospital Naser, para onde foram levados os corpos. A agência de notícias palestina Wafa eleva esse número para 13 mortos.
Outros sete mortos, assim como mais oito feridos, chegaram ao hospital Al Awda, localizado em Al Nuseirat, no centro da Faixa, vindos de áreas próximas ao ponto de distribuição SDS4, em Wadi Gaza, informou esse centro hospitalar.
Segundo a Wafa, duas pessoas também morreram em um ataque aéreo israelense a uma escola que abrigava deslocados no bairro de Al-Amal, perto de Khan Yunis (centro), e três palestinos morreram em outro ataque no bairro de Shujaiya, a leste da cidade de Gaza.
No sábado, pelo menos 24 gazatinos morreram perto de pontos de distribuição de alimentos da GHF ou em estradas por onde passavam caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza, supostamente por tiros disparados pelo Exército israelense.
Desde que esses pontos começaram a operar, em 27 de março, até 31 de julho, 1.373 palestinos morreram tentando conseguir comida, seja nos centros da GHF (859), seja aguardando a passagem de caminhões (514), segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU (OHCHR).
A distribuição de alimentos da GHF, apoiada por Israel, tem sido duramente criticada pela ONU e por diversas organizações por sua ineficácia ao se concentrar em áreas perigosas, pela escassez de ajuda que fornece e pela forma como o faz, além dos tiroteios contra multidões que se aproximam em busca de comida.
Gaza está à beira da fome devido ao bloqueio imposto há meses por Israel — que controla suas fronteiras — à entrada de alimentos. Entre 2 de março e 19 de maio, o fechamento foi total, e atualmente o fluxo de ajuda é muito limitado.
No total, pelo menos 170 pessoas morreram em Gaza por causas relacionadas à desnutrição desde outubro de 2023, mais da metade desde julho de 2025 em razão desta crise. EFE