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Anúncio de reformas e negociações trazem calma à Tunísia

Acordo entre polícia e governo também foi crucial para acalmar ânimos dos protestos

Protesto contra Ben Ali: situação se normalizou na Tunísia após dias de protestos (Gwenael Piaser/Flickr)

Protesto contra Ben Ali: situação se normalizou na Tunísia após dias de protestos (Gwenael Piaser/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 19h45.

Túnis - As cidades da Tunísia, especialmente a capital e Kasserine, no centro-oeste do país, viveram uma quarta-feira de tranquilidade após três dias de protestos, graças às reformas anunciadas pelo Ministério do Interior e às negociações feitas entre o Executivo e a Polícia.

O secretário adjunto do Partido Democrático Progressista (PDP), Ellouze Mongi, relatou à Agência Efe que a calma voltou às duas cidades devido a um acordo firmado entre o Governo e a Polícia, cujo descontentamento com o Executivo se refletiu em um aumento da tensão nos últimos dias.

Segundo Mongi, "o Governo respondeu às reivindicações da Polícia sobre o aumento do salário e o ministro do Interior prometeu estudar as demandas do corpo policial, que quer criar um sindicato".

O porta-voz do Executivo, Tayyip Bacuch, assegurou nesta terça-feira após a primeira reunião do novo Conselho de Ministros que os efeitos da melhora da situação de segurança começariam a ser percebidos imediatamente.

Em discurso transmitido pela televisão, Bacuch reconheceu que haviam ocorrido tensões entre o poder político e as forças de segurança, mas que estavam superadas.

Por outro lado, nesta terça-feira 34 responsáveis dos serviços de segurança foram aposentados e sete novos diretores regionais do Ministério do Interior foram nomeados, segundo informou a agência oficial de notícias tunisiana "TAP".

Estas mudanças, somadas à prisão realizada nesta terça-feira do ex-ministro do Interior Rafik Belhaj Kacem por seu suposto envolvimento na repressão contra os protestos de dezembro e janeiro - que segundo números da ONU deixaram 219 mortos e 510 feridos -, parecem ter contribuído para acalmar a situação.


Uma das 20 pessoas que nesta quarta-feira estavam em frente à sede do Ministério do Interior afirmou à Efe que o grupo não estava protestando, mas que tinha se reunido para ver como poderia acompanhar a aplicação das medidas anunciadas pelo Governo.

"É um bom passo. Expulsaram aquelas pessoas que participaram das desordens e bateram nos cidadãos. Agora vamos ver se a segurança e a normalidade voltam ao país pouco a pouco", disse Ahmad Ziribi.

Nos últimos dias, a avenida Habib Burguiba, onde se encontra a sede do Ministério do Interior, havia abrigado inúmeras manifestações que pediam a demissão do Executivo e que desembocaram em confrontos com a Polícia.

Nesta rua, uma das principais da capital, a presença de agentes de segurança era visível nesta quarta-feira, como a Efe constatou, da mesma forma que em outras áreas de Túnis e na cidade de Kasserine, como relataram várias fontes.

Na capital, o dia foi normal nas escolas após três dias de agressões protagonizadas por bandos armados com facas que obrigaram os alunos de pelo menos oito instituições a irem para casa.

O ano letivo foi reiniciado na segunda-feira após a queda do presidente Zine el Abidine Ben Ali, em 14 de janeiro.

Em Kasserine, a situação voltou à normalidade após três dias nos quais grupos supostamente partidários do ex-presidente atacaram prédios públicos, lojas e casas.

O porta-voz regional da União Geral de Trabalhadores Tunisianos, Sadok Mahmudi, explicou à Efe que após algumas batidas realizadas nesta terça-feira pela Polícia e o Exército em toda a cidade, a situação estava normalizada.

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