Agência de Notícias
Publicado em 22 de julho de 2025 às 16h28.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou “profundamente” nesta terça-feira a saída dos Estados Unidos da Unesco, mas garantiu que essa decisão não impedirá que a entidade continue com suas atividades e sua missão.
“O secretário-geral lamenta profundamente a decisão dos Estados Unidos de se retirar mais uma vez da Unesco", declarou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em entrevista coletiva.
Dujarric ressaltou que Guterres apoia o comunicado divulgado anteriormente em Paris pela diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, no qual ela lembrava que a organização redobrou seus esforços “para agir onde a missão do órgão pudesse contribuir para a paz”.
O governo do presidente americano Donald Trump anunciou nesta terça-feira, em comunicado, a retirada de seu país da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), efetiva em 31 de dezembro de 2026, devido ao fato de que a adesão à agência não contribui para seus interesses nacionais.
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, insistiu que a Unesco trabalha “para promover causas sociais e culturais divisivas” e sua “abordagem desproporcional” à “agenda globalista” proposta pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que, alertou, contradiz a política externa de “EUA em primeiro lugar” promovida por Trump.
Quando questionado sobre as explicações dos Estados Unidos, Dujarric disse não entender “muito bem o que é uma agenda globalista”.
“Acredito que todos os Estados-membros tiveram alguma reclamação sobre o funcionamento da organização como um todo e do sistema de agências da ONU. Nossa mensagem a todos os Estados é: participem se quiserem mudar as coisas”, afirmou.
Dujarric destacou ainda que o financiamento da Unesco pelos EUA não se aproxima “nem de longe” da parte que financia a própria secretaria da ONU.
Por isso, afirmou não ter dúvidas de que ela continuará com suas atividades apesar da retirada dos EUA, porque além disso a organização “acredita” em sua missão.
Trump, que já havia anunciado a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) em janeiro deste ano, tomou medidas semelhantes durante seu primeiro mandato (2017-2021), encerrando as participações na Unesco, na OMS, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e no pacto nuclear com o Irã.
Após assumir o poder em 2021, o agora ex-presidente Joe Biden reverteu essas decisões e retornou o país à Unesco, à OMS e ao pacto sobre o clima.
De acordo com Tammy Bruce, a partir de agora a participação de Washington em organismos internacionais “se concentrará em promover os interesses dos Estados Unidos com clareza e convicção”.