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Antimonárquicos preparam festa contra casamento real

"Não Casamento Real" será celebrado em defesa da democracia e do poder popular

Graham Smith, diretor da campanha britânica "Republic": segundo o movimento, existem 10 milhões de republicanos no país atualmente (Leon Neal/AFP)

Graham Smith, diretor da campanha britânica "Republic": segundo o movimento, existem 10 milhões de republicanos no país atualmente (Leon Neal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2011 às 14h54.

Londres - Enquanto o príncipe William e Kate Middleton se casam, os republicanos britânicos celebrarão na sexta-feira em Londres o "Não Casamento Real", um festejo à "democracia e ao poder popular, e não aos privilegiados herdados".

A festa do "Not the Royal Wedding", convocada em uma praça central de Londres pelo grupo antimonárquico Republic, ocorre no mesmo momento do casamento real, embora em um local diferente.

Assim, "os 10 milhões de britânicos republicanos (em uma população de 63 milhões) não serão ignorados nem se esconderão", assegura o Republic em seu site. "Diferentemente" dos festejos reais, "nós festejamos a democracia e o poder popular, e não os privilégios herdados", acrescenta.

Em plena ressaca pós-casamento real, o grupo receberá no sábado em Londres a Segunda Convenção da Aliança de movimentos republicanos europeus, com a participação de militantes de países regidos por monarquias (Espanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Noruega e Suécia).

"Cada vez é mais fácil ser republicano no Reino Unido, temos cada vez mais apoio", assegura à AFP Emily Robinson, presidente-executiva do Republic, grupo que diz representar quase 20% dos britânicos republicanos e conta com 12.000 membros de todo o espectro político e social do país.

"Nossos apoios se multiplicaram por dois desde o anúncio do casamento (em novembro passado)", acrescenta Robinson, atribuindo o fato essencialmente à raiva pelo alto custo da cerimônia.


Na festa republicana de "Não Casamento Real", não faltarão nem música (especialmente jazz), nem comida, nem os "artigos republicanos", com alusões irônicas à monarquia.

Por exemplo, as camisetas com a inscrição "Sou um cidadão, não um súdito", ou as canecas "republicanas", em oposição às milhares vendidas até agora com as efígies de William e Kate. Nelas, pode-se ler "Eu não sou uma caneca de casamento real" ("I´m not a royal wedding mug"), brincando deliberadamente com o duplo sentido de "mug": caneca e estúpido.

A lista de alguns convidados ao casamento real também provocou a raiva nos republicanos, incomodados com a presença de líderes da Arábia Saudita, Suazilândia, Kuwait e Lesoto, entre outros países.

"Parece o 'who's who' dos tiranos e seus comparsas", reclama Graham Smith, diretor do Republic. "O que aconteceu com a suposta consciência social de William? Deve assumir sua responsabilidade pessoal nisto e rescindir imediatamente estes convites", acrescenta Smith, para quem "William e Kate foram manipulados ao fazer a lista (de convidados)".

Os republicanos britânicos querem que a monarquia seja substituída por um chefe de Estado eleito e que haja uma nova Constituição republicana. "É uma instituição quebrada que há tempos abdicou de qualquer responsabilidade no poder, mas que segue recebendo o que puder dos contribuintes", afirma o grupo em seu site.

Mas não parece muito próximo o momento em que os britânicos "se livrarão de sua monarquia", como desejam os republicanos. É certo que uma pesquisa divulgada nesta semana demonstrou que apenas pouco mais de um terço dos britânicos está realmente entusiasmado com o casamento real.

No entanto, esta aparente falta de fervor quanto à cerimônia não impediu que 67% dos britânicos acreditem que a monarquia britânica é ainda apropriada no século XXI, e que 63% pensem que seu país está em melhor situação com uma família real do que sem ela.

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