Venezuela: blecautes constantes no Estado de Zulia aumentam sofrimento dos venezuelanos que atravessam quinto ano de uma crise econômica (Marco Bello/Reuters)
Reuters
Publicado em 31 de julho de 2018 às 16h02.
Maracaibo, Venezuela - Em toda Maracaibo, capital do maior Estado da Venezuela, moradores desligam geladeiras para se precaver dos picos de energia, muitos só compram alimentos que consumirão no mesmo dia e outros dormem ao relento com frequência por causa do calor insuportável dentro de casas sem ar condicionado.
Os blecautes constantes no Estado de Zulia aumentam o sofrimento dos venezuelanos que atravessam o quinto ano de uma crise econômica que vem provocando desnutrição, hiperinflação e emigração em massa.
A economia antes florescente do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vem desmoronando desde a queda nos preços do petróleo no mercado internacional em 2014.
"Nunca imaginei que teria que passar por isso", disse Cindy Morales, funcionário de uma padaria, de 36 anos, com lágrimas nos olhos. "Não tenho comida, não tenho eletricidade, não tenho dinheiro".
Zulia, centro histórico da indústria de energia da Venezuela que foi conhecida durante décadas por sua grande riqueza petrolífera, passa várias horas por dia mergulhada na escuridão desde março, às vezes deixando seus 3,7 milhões de habitantes sem eletricidade por até 24 horas.
No passado os moradores de Zulia acreditavam viver no "Texas venezuelano", rico em petróleo e com uma identidade orgulhosamente diferenciada do restante do país. Os funcionários da indústria petroleira eram vistos com frequência dirigindo carros novos e voavam em jatos particulares ao território caribenho de Curaçao para apostar seus salários nos cassinos.
Antes famosa por suas festas até o raiar do dia, a Maracaibo atual é muitas vezes um mar de escuridão à noite por causa dos blecautes.
As seis estações de energia de Zulia têm combustível suficiente para gerar eletricidade, mas a falta de manutenção e de peças de reposição provoca problemas frequentes, obrigando as instalações a operarem com 20 por cento de sua capacidade, disse Ángel Navas, presidente da entidade nacional Federação de Trabalhadores do Setor Elétrico (Fetraelec).
O ministro da Energia, Luis Motta, disse neste mês que os cortes de energia de até oito horas por dia serão a norma em Zulia enquanto as autoridades desenvolvem um plano de "estabilização". Ele não deu maiores detalhes, e o Ministério da Informação não respondeu a um pedido de comentário.
O governo estadual de Zulia tampouco respondeu a um pedido de comentário.