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Antes de ser detido, ex-advogado de Trump diz que "há muito para contar"

Cohen criticou o presidente, ao afirmar que espera que, quando estiver solto, "o país não tenha xenofobia, injustiça e mentiras" no mais alto escalão

Michael Cohen: ex-advogado começa a cumprir hoje sua sentença de 3 anos após ser condenado por oito crimes (Jeenah Moon/Reuters)

Michael Cohen: ex-advogado começa a cumprir hoje sua sentença de 3 anos após ser condenado por oito crimes (Jeenah Moon/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de maio de 2019 às 19h18.

Nova York - Michael Cohen, o ex-advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 6, antes de entrar em uma prisão federal de Nova York, que "ainda há muito para contar". Cohen começa a cumprir hoje sua sentença de 3 anos após ser condenado por oito crimes.

"Ainda há muito para contar e espero ansiosamente pelo dia em que poderei compartilhar a verdade", disse Cohen aos veículos de imprensa em frente ao edifício onde reside em Manhattan, antes de entrar no carro rumo à prisão de Otisville.

Além disso, Cohen criticou duramente o presidente, ao afirmar que espera que, quando estiver solto, "o país não tenha xenofobia, injustiça e mentiras" no mais alto escalão.

O ex-advogado do presidente dos EUA foi sentenciado à prisão depois de ter se declarado culpado de oito crimes.

Em dezembro do ano passado, Cohen foi condenado por sonegação de impostos e por mentir no Congresso. Também foi condenado por comprar o silêncio de duas mulheres para que não tornassem públicas as relações que elas teriam tido com o presidente Trump.

Para tentar reduzir sua sentença, ofereceu informações aos investigadores que pudessem comprometer Trump e sua família, incluindo sobre a acusação de interferência russa na disputa presidencial de 2016.

Mas mesmo que o procurador especial Robert Mueller tenha feito referência a Cohen mais de 100 vezes em seu relatório sobre o "caso russo", os procuradores não mudaram a decisão sobre o ex-advogado do presidente.

A detenção, prevista para 6 de março, foi adiada a pedido da defesa, já que o acusado necessitava de tratamento intensivo para recuperar-se de uma operação cirúrgica séria, sob a supervisão de seu médico. Detalhes sobre a cirurgia não foram revelados.

Filho de um sobrevivente do Holocausto e de uma enfermeira, Cohen será um dos assessores mais próximos do presidente a ser preso por um período considerável depois que Paul Manafort, ex-diretor da campanha Trump, foi condenado a mais de 7 anos de prisão.

Cohen trabalhou para a Organização Trump por uma década e insiste em que todos os atos, pelos quais foi condenado, ocorreram a mando do presidente.

Em um recente comparecimento diante do Congresso, o advogado também garantiu que Trump sabia que um de seus colaboradores estava em contato com o site WikiLeaks para a publicação de milhares de correspondências do Partido Democrata, que afetaram a campanha de sua adversária no pleito presidencial de 2016, Hillary Clinton.

"Por que eu sou o único?", questionou em uma entrevista à revista The New Yorker.

"Não trabalhei para a campanha. Trabalhava para ele. Por que eu sou o único que vai para a cadeia? Não fui eu quem dormiu com a estrela pornô", acrescentou, referindo-se a Stormy Daniels, uma das mulheres que receberam dinheiro em segredo e em violação das leis eleitorais.

O advogado de Cohen, Lanny Davis, disse na sexta-feira que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., deveria ter sido preso, porque foi ele que "assinou os cheques".

Para o presidente americano e seus aliados, a sentença contra Cohen tem sabor de vingança, depois que o advogado se voltou contra o agora ex-chefe. Trump o chamou de "fraco" e de "rato", disposto a inventar as mentiras necessárias para evitar a prisão.

No fim de semana, Cohen disse a repórteres que foi seguido em Manhattan, enquanto passava seus últimos momentos de liberdade com seu filho Jake.

O ex-advogado deverá ser mantido na ala de baixa segurança do centro penitenciário. Essa ala abriga prisioneiros que não são considerados perigosos, incluindo muitos outros criminosos de colarinho branco. Os 120 presos dessa ala podem usar bibliotecas, além de jogar basquete e tênis.

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