A organização considera que o Irã deve abolir a pena de morte em todos os casos, mas acabar com a execução de criminosos vinculados com as drogas, algo que viola as leis internacionais, deveria ser o primeiro passo (AFP/Getty Images / Joe Raedle)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2011 às 21h00.
Londres - A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quarta-feira o 'espetacular' aumento no Irã das execuções a pessoas condenadas por delitos relacionados com as drogas.
Em seu relatório 'Viciados na Morte', a organização humanitária revela que pelo menos 488 pessoas foram executadas por supostos delitos de narcotráfico neste ano, quase o triplo de 2009, quando a AI contabilizou 166 execuções por casos similares.
A Anistia contabilizou em 2011 um total de 600 execuções na república islâmica, através de fontes oficiais e próprias, das quais os delitos relacionados com as drogas representaram 81% do total.
'Tentando conter seu imenso problema com as drogas, as autoridades iranianas realizaram uma onda de execuções de proporções apavorantes quando não há provas que isto previna o tráfico de maneira mais eficaz que o encarceramento', afirmou Ann Harrison, diretora interina para o Oriente Médio e Norte da África da AI.
A organização considera que o Irã deve abolir a pena de morte em todos os casos, mas acabar com a execução de criminosos vinculados com as drogas, algo que viola as leis internacionais, deveria ser o primeiro passo.
As autoridades iranianas reconheceram oficialmente um total de 253 execuções, das quais 172 estavam relacionadas com as drogas, quase 68% do total.
No entanto, a AI garante que recebeu informações críveis sobre mais de 300 execuções, a maioria delas por delitos relacionados com o narcotráfico.
Em quase todos os casos, denuncia a organização, os condenados a morte tiveram julgamentos injustos e as famílias e os advogados receberam pouca ou nenhuma informação sobre onde aconteceram as execuções.
O Irã tem a quarta taxa mais alta do mundo em óbitos por consumo de drogas, com 91 mortes para cada milhão de habitantes entre 16 e 64 anos, e é uma das maiores rotas do narcotráfico internacional.