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Anistia acusa todos no conflito na Líbia de atacar civis

Comunicado afirma que os abusos cometidos "por todas as partes no conflito" podem ser equiparados em alguns casos a crimes de guerra

Fumaça preta toma conta da região próxima à Universidade de Benghazi após confrontos, na Líbia (Esam Omran Al-Fetori/Reuters)

Fumaça preta toma conta da região próxima à Universidade de Benghazi após confrontos, na Líbia (Esam Omran Al-Fetori/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2014 às 21h45.

Trípoli - A Anistia Internacional (AI) emitiu nesta quarta-feira um comunicado que acusa todas as partes envolvidas no conflito na Líbia de atacar civis e inclusive fazer edifícios médicos de alvo.

O comunicado, intitulado "O império da pistola", afirma que os abusos cometidos "por todas as partes no conflito" podem ser equiparados em alguns casos a crimes de guerra, e pede um maior envolvimento da comunidade internacional para freá-los.

A AI se baseia em imagens de satélite, divulgadas hoje junto com o relatório, que mostram que "combatentes de todas as partes em conflito mostraram um total desprezo pelas vidas civis, com bombardeios indiscriminados de artilharia contra bairros povoados, danificando casas, infraestruturas e serviços médicos".

Estas milícias "cometem abusos generalizados, incluindo crimes de guerra, com total impunidade", segundo as palavras de Hasiba Hajj Sahraui, vice-diretora da AI para o Oriente Médio e o norte da África.

O comunicado não distingue entre milícias de um ou outro lado, o que dá a entender (embora sem nomear) que o governo recentemente constituído em Tobruk, na fronteira com o Egito, após as eleições de julho, tem também sua parte de responsabilidade, pelo menos no que se refere às milícias que controla ou que são fiéis.

Se os chefes das milícias não puserem fim aos ataques contra civis, sequestros ou assassinatos só por uma questão étnica, geográfica ou simpatias políticas, a AI considera que poderão ser processados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

No comunicado, a organização focou nos abusos detectados na parte ocidental da Líbia, incluída a capital, sem analisar o que acontece em Bengazi (segunda cidade do país), cenário de sangrentos combates há dez dias.

A organização lamentou que "a comunidade internacional tenha olhado majoritariamente para outro lado diante do caos que se apossou da Líbia desde o levante de 2011", mas considera que o TPI ainda pode exercer sua jurisdição para investigar os crimes de guerra cometidos desde então.

Além disso, analisou que o Conselho de Segurança da ONU pode impor o congelamento de contas bancárias ou proibição de viagens.

"Sem prestação de contas a situação dos direitos humanos na Líbia provavelmente continuará sua espiral negativa", advertiu a vice-diretora da AI.

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