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Angela Merkel em campanha pela taxação dos mercados financeiros

Berlim - A chanceler alemã Angela Merkel demonstrou, nesta quinta-feira, o desejo de convencer seus parceiros do G20, na cúpula do próximo mês em Toronto, sobre o mérito da taxação dos mercados financeiros, convocando os menos atingidos pela crise a se juntarem à causa. "Não é preciso ser particularmente perspicaz para adivinhar que o acordo […]

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2010 às 15h31.

Berlim - A chanceler alemã Angela Merkel demonstrou, nesta quinta-feira, o desejo de convencer seus parceiros do G20, na cúpula do próximo mês em Toronto, sobre o mérito da taxação dos mercados financeiros, convocando os menos atingidos pela crise a se juntarem à causa.

"Não é preciso ser particularmente perspicaz para adivinhar que o acordo não sairá logo no jantar da primeira noite, mas acho que, se introduzirmos uma taxa internacional, isso não arruinará os mercados. Farei campanha para isso" na cúpula com os dirigentes dos 20 países mais poderosos do mundo no fim de junho na capital canadense, declarou Merkel, durante uma conferência sobre a regulação organizada por Berlim.

Ela citou um imposto sobre as transações financeiras, do tipo "Taxa Tobin" que incidiria sobre seu volume, freando ao mesmo tempo o fluxo do capital especulativo; e uma taxação das atividades financeiras propriamente ditas, como as propostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que seriam retiradas dos lucros e remunerações.

"Meu pedido à futura presidência do G20 (...) é que a taxação deva ser aplicada também nos países não atingidos pela crise", argumentou Merkel.

A Coreia do Sul tomará posse da presidência do G20 depois da reunião no Canadá.

O G20 já estava inclinado a aceitar a taxação dos mercados durante a sua última reunião em Washington, em abril, mas divergências também surgiram a partir daí.

Depois a situação evoluiu. Não se trata mais de taxar somente os bancos como muitos países fizeram em meio à crise.

A zona do euro vacila e os mercados estão "fora de controle", segundo o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble. Os governos europeus, Berlim à frente, querem não somente compensar os custos faraônicos do plano de resgate dos países europeus mais frágeis, como também tentam conter a especulação.

Para José Vinals, diretor do Departamento do Mercado Monetário e de Capitais do FMI, "certos países não verão, talvez, a necessidade de colocar em prática tal reforma, mas ninguém sabe onde a próxima crise explodirá". Alguns países que no momento estão a salvo "podem se encontrar no epicentro de uma nova crise", previu.

Entre os oposicionistas à criação da taxa no setor financeiro, o Brasil exprimiu grande hesitação no mês passado. O secretário do Tesouro canadense Tim Macklem disse, por sua vez, nesta quinta-feira, que não haveria "um consenso" sobre essa questão durante a cúpula do G20, e "não haveria uma solução uniforme", o mesmo acontecendo na Europa.

A França mostrou-se prudente até o momento. Como a Alemanha, ela já adotou uma taxa bancária, para que o sistema financeiro também participasse dos custos do plano de resgate de bancos de 2008 e 2009.

A ministra francesa das Finanças Christine Lagarde assegurou hoje, em um vídeo difundido em Berlim, que a França e a Alemanha estavam "na mesma linha" de raciocínio sobre a regulação financeira, mas sem evocar um imposto complementar.

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