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Analistas temem produção de petróleo com rebeldes

Segundo especialistas do setor, caso a situação na Líbia continue sem solução, produção do país deverá cair

Protesto em Tobruk, na Líbia: oposição já controla uma parte do país (AFP)

Protesto em Tobruk, na Líbia: oposição já controla uma parte do país (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2011 às 18h15.

Londres - A produção de petróleo da Líbia passou praticamente para o controle dos opositores do coronel Kadafi, e um rápido retorno à normalidade no setor petroleiro do país não deve acontecer tão cedo, consideraram nesta segunda-feira analistas.

"O leste da Líbia, onde se encontram as quatro principais zonas de produção, na Bacia de Sirte, não é mais controlado por partidários do coronel Kadafi e sim por uma 'oposição' pouco coordenada", relembrou Catherine Hunter, do instituto de estudos IHS Global Insight.

Segundo a economista, a capacidade de produção da região representaria mais de um milhão de barris por dia, ou seja, dois terços da produção líbia.

No entanto, "o perigo é que a falta de alternativa institucional ao regime de Kadafi leve a um colapso prolongado da autoridade" e que a reconstrução política seja "complicada pela luta pelo controle das infraestruturas estratégicas, como os combustíveis", explicou.

"Mesmo que o regime do coronel Kadafi seja derrubado, a Líbia vai continuar a ver sua produção de óleo cair nas próximas semanas", corroborou Jochen Hitzfeld, do UniCredit Bank.

Para ele, "a retirada dos trabalhadores do setor pelas companhias de petróleo" ocidentais, realizada na semana passada quando os conflitos se intensificaram pelo país, impossibilitou qualquer recuperação das atividades de forma rápida.

A Líbia é muito dependente do conhecimento e da tecnologia das companhias estrangeiras, revelou David Hufton, da corretora londrina PUM Oil Associates.

"Como a produção depende da expertise dos estrangeiros, e como eles deixaram o país ou têm pressa de fazê-lo, é razoável de se antecipar uma interrupção de praticamente toda a exploração de óleo líbio", explicou.

De acordo com o IHS, a diminuição da produção líbia já pode ser estimada entre 800 mil e 1,2 milhão de barris por dia.

"O que importa é o que vai acontecer em seguida, se o país vai ou não entrar em uma guerra civil. Se for o caso, isso vai impedir que o clima volte a ser seguro o suficiente para que os empregados estrangeiros retornem e recomecem as extrações", garantiu Hufton.

Apesar da quase interrupção na produção, navios petroleiros puderam ser esporadicamente carregados de óleo, no leste do país, com o petróleo disponível em estoque, segundo os empregados remanescentes, contou Catherine Hunter.

A oposição líbia preparava-se na noite desta segunda-feira para retomar as exportações de petróleo, com a partida de um petroleiro com destino à China, segundo um dirigente do comitê local da cidade de Tobrouk.

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