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Americanos e judeus foram alvo em Bruxelas, diz investigador

Segundo investigador, imagens de câmeras mostram um dos homens-bomba que "parece caminhar em direção a judeus ortodoxos"

Policiais isolam área de estação que sofreu ataque em Bruxelas, na Bélgica (REUTERS/Reuters TV)

Policiais isolam área de estação que sofreu ataque em Bruxelas, na Bélgica (REUTERS/Reuters TV)

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AFP

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 12h09.

Passageiros americanos e judeus foram os alvos dos extremistas que atacaram o aeroporto de Bruxelas em 22 de março de 2016, informaram à AFP fontes próximas à investigação na Bélgica.

Por volta das 08h00 daquele dia, Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui acionaram seus explosivos na área de check-in do aeroporto, matando 16 pessoas, o mesmo número de passageiros mortos uma hora depois no ataque ao metrô de Bruxelas, cometido por outro suicida, Khalid Bakraoui, irmão de Ibrahim.

Os ataques reivindicados pelo grupo Estado Islâmico fizeram, ao todo, 32 mortos, de pelo menos 16 nacionalidades diferentes, e cerca de 400 feridos, de 40 nacionalidades.

No entanto, no aeroporto, o comando tinha "alvos muito específicos" e queria atacar principalmente americanos e, aparentemente, também judeus, explicou à AFP um investigador que pediu anonimato.

Este último diz apoiar-se especialmente em imagens de câmeras de vigilância que mostram um dos homens-bomba no aeroporto de Bruxelas-Zaventem que "parece caminhar em direção a judeus ortodoxos" vestidos de forma tradicional.

"Matar um judeu"

Uma fonte no governo americano confirmou este ataque relativamente preciso contra os check-in de companhias americana, russa e israelense, ou seja, contra passageiros à espera de embarcar em voos para esses países.

"Desde o início [da investigação], havia indícios" neste sentido, afirma esta fonte americana, e "foram confirmados nas investigações subsequentes, principalmente com o depoimento de Mohamed Abrini", o terceiro extremista no aeroporto que fugiu depois de não conseguir concluir o ataque suicida.

Abrini, conhecido como "o homem do chapéu", foi preso em 8 de abril na região de Bruxelas e é um dos principais suspeitos na investigação sobre os ataques de 22 de março, mas também nos atentados de Paris, em 13 de novembro de 2015 (130 mortos). A mesma célula extremista foi responsável pelos dois ataques.

No aeroporto, "sabemos que queriam atacar americanos (...) Atacaram a área de chek-in da Delta Airlines, local das empresas americanas", assegura o investigador que falou com a AFP em Bruxelas.

E se o alvo russo continua a ser uma "opção" a ser esclarecida, há pouca dúvida no caso de israelenses ou judeus, assegura.

"Sabemos também que eles estavam obcecados pelos israelenses", diz esta fonte, explicando que Najim Laachraoui se dirigiu a dois judeus ortodoxos tornados de repente como alvos.

De acordo com as imagens das câmeras de segurança, Laachraoui estava entre cerca de sessenta alunos do ensino médio na área de chek-in quando, de repente, "parece mover-se" rapidamente na direção de duas pessoas com a vestimenta tradicional ortodoxa.

"Ele corre para se afastar do primeiro grupo (...) realmente queria matar um judeu", acrescenta o investigador, para quem este impulso evitou "um massacre ainda maior".

Se Laachraoui não tivesse se afastado dos estudantes, "poderia ter matado 60 pessoas".

"Perseguidos"

O outro atacante morto no aeroporto, Ibrahim El Bakraoui, deixou um testamento, encontrado em um computador jogado em uma lata de lixo não muito longe do esconderijo do comando no distrito de Schaerbeek, em Bruxelas.

Como a investigação revelou, Bakraoui diz: "Já não sei o que fazer", estão "me perseguindo em todos os lugares", dias depois da prisão de Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo que atacou Paris em 13 de novembro, e a quem Mohamed Abrini poderia ter ajudado antes destes ataques.

"O que está muito, muito claro, de qualquer maneira", é que em 22 de março, o comando de Bruxelas "entrou em ação, embora não tivesse a intenção imediata de fazê-lo", confirma o investigador.

"Completamente atados (...), perseguidos, improvisaram" o ataque e, nas mensagens encontradas no computador, "até mesmo se desculpam por não atacarem o alvo inicial", ou seja, "a França novamente", diz ele.

Entre os 16 mortos do aeroporto, quatro eram americanos, de acordo com uma contagem da AFP, confirmada por uma fonte oficial deste país. Nenhuma vítima israelense está entre eles.

Mas dois jovens israelenses, que deviam voar em 22 de março de Bruxelas a Tel Aviv, ficaram feridos e foram tratados em abril em um hospital em Jerusalém, segundo a imprensa israelense, que os identificou como membros de uma comunidade de judeus ultra-ortodoxos.

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