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Americanos buscam abrigo nuclear com ameaça da Coreia do Norte

Por medo de um ataque norte-coreano, há quem esteja disposto a gastar mais de US$ 10 mil para ter um local seguro, com comida, água potável e oxigênio

Bunker: os abrigos ficam a 6 metros de profundidade do solo e tem câmeras de proteção (O quarto do pânico/Reprodução)

Bunker: os abrigos ficam a 6 metros de profundidade do solo e tem câmeras de proteção (O quarto do pânico/Reprodução)

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EFE

Publicado em 18 de agosto de 2017 às 10h52.

Los Angeles - O aumento da tensão com a Coreia do Norte fez crescer o interesse pelos abrigos nucleares subterrâneos e em reforçar os protocolos de segurança na costa oeste dos Estados Unidos, a mais próxima de Pyongyang e seus mísseis.

As constantes ligações para pedir informações a um dos poucos construtores de abrigos do país são a prova indubitável de que a preocupação com um possível ataque com armas atômicas é cada vez maior, mesmo com o regime norte-coreano "adiando" suas anunciadas ações contra a ilha de Guam.

"Vivemos em uma nova era, e já não estamos na Guerra Fria com os russos, estamos em uma guerra quente com a Coreia do Norte. Será uma guerra nuclear ou nada", disse à Agência Efe Ron Hubbard, proprietário da Atlas Survival Shelters.

Hubbard é pioneiro na construção de refúgios subterrâneos a preços acessíveis nos EUA. Nas últimas semanas, os pedidos se multiplicaram e o interesse por seu produto atraiu dezenas de pessoas até as instalações da fábrica da empresa na cidade de Montebello.

Entre os compradores, há quem esteja disposto a gastar mais de US$ 10 mil para ter um local seguro, com comida, água potável e oxigênio.

"Queremos ter detalhes sobre os preços e onde podem ser instalados, não é tão simples", declarou María Hernández, uma guatemalteca que vive na Califórnia.

O empresário afirma que seus abrigos devem estar localizados a seis metros de profundidade do solo. "Isto dará a máxima proteção, pode proteger da explosão (nuclear), da radiação gama e da chuva radioativa", explicou.

Os refúgios não são a única opção com a qual os habitantes da costa oeste contam para enfrentar um possível ataque nuclear.

A cidade de Ventura, no sul da Califórnia, elaborou um plano de quase 300 páginas sobre como agir se uma bomba explodir no centro de Los Angeles e como proceder em situação de emergência.

Em um vídeo publicado nas redes sociais e no YouTube, Robert Levin, funcionário de saúde pública do condado, dá conselhos aos moradores da região.

"Estar educado pode fazer uma grande diferença em um evento nuclear e salvar centenas de milhares de vidas", afirma Levin.

O plano de Ventura começou a ser implementado em 2013, justamente quando o negócio de Hubbard começou a se expandir.

"Quando o Estado Islâmico apareceu, há três ou quatro anos, as pessoas o levaram mais a sério, se deram conta de que, se os terroristas tiverem acesso a uma 'bomba suja' ou uma bomba nuclear, podem usá-la contra os EUA. Então o negócio se tornou mais estável", comentou o empresário.

O diretor do Escritório de Serviços de Emergência do governador da Califórnia, Mark Ghilarducci, considerou que o estado está mais avançado que outros na gestão de emergências, entre elas um ataque nuclear.

No entanto, líderes de cidades como San Francisco estão discutindo como abordar a ameaça de um ataque, segundo seu encarregado de emergências, Michael Dayton, ao jornal "San Francisco Chronicle".

Tanto Hubbard como os funcionários do estado concordam que os refúgios e os planos de emergência dão uma sensação de segurança às pessoas: "dão paz mental".

A Atlas Survival Shelters soube capitalizar esta necessidade de segurança. Em 2011, a empresa tinha cinco empregados; hoje, conta com 20 pessoas construindo abrigos subterrâneos.

Agora, mais funcionários estão sendo contratados para a fábrica que será inaugurada no próximo mês no estado do Texas, e no futuro o plano é abrir uma unidade em Monterrey (México).

Dependendo do preço, o abrigo pode ter ducha, vaso sanitário, seis camas, cozinha e espaço para armazenar comida e água para 28 dias.

Enquanto todos esperam que a tensão entre os dois países não provoque um ataque nuclear, Hubbard insiste que a alta procura por refúgios continuará, pois também são seguros em casos de terremoto, tornado e outros desastres naturais.

"É como ter um seguro de carro", comparou.

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