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América Latina tem 25 mi de desempregados e serão mais em 2020, diz OIT

Relatório considera situação da América Latina "alarmante", já que um em cada cinco jovens não consegue emprego, a taxa mais alta em uma década

América Latina: relatório destaca que desemprego entre mulheres é maior do que entre homens (Paulo Whitaker/Reuters)

América Latina: relatório destaca que desemprego entre mulheres é maior do que entre homens (Paulo Whitaker/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 20h10.

Mais de 25 milhões de latino-americanos e caribenhos estão desempregados, e o número certamente aumentará em 2020 devido ao fraco crescimento econômico, afirmou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta terça-feira (28) em um relatório anual.

O relatório destaca que o desemprego entre as mulheres está aumentando mais do que entre os homens e que a situação dos jovens latino-americanos "é alarmante", pois um em cada cinco "não consegue emprego", a taxa mais alta em uma década.

"Os mercados de trabalho da América Latina e do Caribe estão passando por um momento de incerteza refletido em um leve aumento na taxa de desemprego regional e em sinais de precariedade que podem piorar em 2020", alertou a agência ao apresentar seu relatório anual Panorama em Lima Trabalho.

A taxa de desemprego na região no final de 2019 foi de 8,1%, um décimo a 8,0% em 2018. "É um pequeno aumento, mas ainda significa que mais de 25 milhões de pessoas estão buscando ativamente emprego e não conseguem", afirma o relatório. .

"Precarização"

O desemprego aumentou no ano passado em nove dos 14 países latino-americanos incluídos no estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tem seu escritório regional na capital peruana.

Enquanto isso, no Caribe de língua inglesa, que tem população menor, "houve uma queda no desemprego de 0,7 décimo", disse o relatório.

"A situação do mercado de trabalho é complexa", disse o diretor regional da OIT, Juan Felipe Hunt, apresentando o relatório à imprensa, acompanhado pelo coordenador do estudo, Hugo Ñopo, e pelo chefe de comunicação regional, Luis Córdova.

"A dinâmica de desaceleração econômica observada desde meados de 2018 impactou tanto a estrutura quanto a qualidade dos empregos", disse Ñopo

Há uma "precariedade" nos empregos que estão sendo criados na região, assim como um aumento do trabalho por "conta própria não qualificado", o que reflete uma necessidade e não um anseio por empreendedorismo, explicou.

Maior impacto em mulheres

A OIT reportou que devido às condições econômicas a taxa de desemprego pode chegar a 8,4% nesse ano, o que significaria que a região teria 27 milhões de pessoas sem trabalho.

"Há um atraso nas estatísticas de trabalho, por isso no segundo ou terceiro trimestre se começaria a ver o impacto", diz Ñopo.

O relatório mostra que apesar do aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho (50,9%), elas "continua mais de 20 pontos percentuais abaixo dos homens" (74,3%).

Destaca também que a taxa de desemprego feminino aumentou dois décimos, chegando a 10,2%, enquanto no caso dos homens se manteve sem mudanças em 7,3%, "o que indicaria que o peso do aumento do desemprego regional afetou de forma desproporcional as mulheres".

Protestos

A OIT destaca que a situação dos jovens latino-americanos é "alarmante", porque a taxa de desemprego no final do estudo é a mais alta da última década.

"No terceiro trimestre (de 2019) a taxa de desemprego (juvenil) regional foi de 19,8%, o que mostra que um de cada cinco jovens na força de trabalho não consegue emprego", diz o relatório.

"A falta de oportunidades de trabalho decente para os jovens causa grande preocupação, pois é fonte de desânimo e frustração. Se viu esse reflexo à frente de protestos recentes que aconteceram na região, pedindo mudanças como esperança de um futuro melhor", declarou Hunt.

Já Ñopo explicou que assim como o desemprego e as precárias condições de trabalho estimulam os protestos, isso também causa impacto no crescimento econômico, o que por sua vez afeta as taxas de emprego.

"Há de se pensar no Chile, onde houve uma mobilização com participação de centenas de milhares ou milhões de pessoas nas ruas sem trabalho. Isso tem a ver com os impactos na geração de produto, que depois vai influenciar no desemprego. É preciso se perguntar de que tamanho vai ser" o impacto, disse o especialista da OIT.

"Temos que prestar atenção aos dois tipos de casualidades, porque é um fenômeno a que não devemos deixar de prestar atenção", acrescentou.

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