Mundo

América Latina pode sofrer mais com a crise da Europa, diz Banco Mundial

Washington - O Banco Mundial (BM) advertiu hoje que a América Latina será uma das regiões mais afetadas caso algum país da União Europeia (UE) declare descumprimento de pagamentos ou realize uma grande reestruturação de sua dívida soberana. A incerteza que rodeia cinco países europeus - Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda - com dívidas […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Washington - O Banco Mundial (BM) advertiu hoje que a América Latina será uma das regiões mais afetadas caso algum país da União Europeia (UE) declare descumprimento de pagamentos ou realize uma grande reestruturação de sua dívida soberana.

A incerteza que rodeia cinco países europeus - Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda - com dívidas elevadas e avultados déficits fiscais levou o BM a alertar sobre o efeito desestabilizador que exerce o Velho Continente sobre a economia global.

"A recuperação econômica mundial continua, mas a crise da dívida da Europa pôs novos obstáculos no caminho rumo a um crescimento sustentável a médio prazo", advertiu o organismo em seu relatório "Perspectivas Econômicas Globais 2010" publicado nesta quarta-feira.

O diretor de tendências macroeconômicas do BM, Andrew Burns, disse em entrevista coletiva que, quando se avalia como os diferentes cenários na Europa afetariam o mundo em desenvolvimento, América Latina, Ásia Central e a Europa emergente figuram como as regiões mais vulneráveis por seus laços comerciais e financeiros com a União Europeia.

O estudo lembra, nesse sentido, que os bancos espanhóis e portugueses são uma "importante fonte de financiamento" na América Latina e que as entidades financeiras da Espanha têm mais de 25% do capital bancário no México, Chile e Peru.


Além do setor bancário, a análise do BM adverte também sobre o potencial impacto que uma piora da situação na Europa poderia ter sobre os fluxos de investimento estrangeiro direto.

O relatório menciona, nesse sentido, que 12% do investimento estrangeiro direto no Brasil em 2009 proveio de Portugal e Espanha, um país no qual, segundo os analistas do BM, a situação macroeconômica é "muito grave".

Segundo o BM, se os bancos do grupo que é chamado de UE-5 (Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda) forem forçados a reforçar sua capitalização, "os fluxos de capital a todos esses países e regiões poderia se contrair fortemente".

Mesmo assim, o BM considerou improvável que o pior dos cenários, o da moratória ou reestruturação da dívida, se materialize. Ele também está inclinado a apostar que a crise na Europa atuará simplesmente como um freio da recuperação.


O estudo divulgado nesta quinta prevê uma subida do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de entre 2,9% e 3,3% em 2010 e 2011.

O Banco Mundial tinha antecipado em janeiro que PIB mundial aumentaria 2,7% este ano e 3,2% em 2011.

O BM antecipa que a América Latina terá um crescimento real, ajustado pela inflação, de 4,5% este ano, 4,1% em 2011 e 4,2% em 2012.

Além disso, o Banco Mundial insistiu que, por enquanto, a maior percepção de risco na Europa não afetou a maioria de países emergentes.

Entre as exceções, segundo explicou Burns, estão Argentina e Venezuela, países com níveis de dívida muito elevados e onde cresceu a percepção de risco devido.

Entre os fatores "positivos", segundo o BM, figura o fato de que a recuperação dos Estados Unidos e do Japão estão ganhando força, o que traz um sinal "encorajador".

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEuropaUnião EuropeiaCrises em empresas

Mais de Mundo

Chuvas de monções no Paquistão deixam mais de 350 mortos em 48 horas

Rússia lança 505 ataques em Zaporizhzhya um dia após cúpula Trump-Putin

Recepção calorosa de Trump a Putin preocupa ucranianos em meio à pouca esperança de paz

Eleições na Bolívia: 7,5 milhões de eleitores decidem se hegemonia de esquerda continua