Amado Boudou, ministro argentino da Economia: os 12 países sul-americanos têm a possibilidade "de com muita sinergia" aumentar a troca comercial entre eles (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2011 às 11h32.
Buenos Aires - A União de Nações Sul-americanas (Unasul) está "trabalhando muito forte" para criar uma blindagem própria, com esforço de "integração financeira e produtiva", para atacar a crise internacional, declarou o ministro da Economia da Argentina, Amado Boudou.
"As medidas no plano financeiro incluem coordenar a administração de reservas (monetárias) e trabalhar para evitar ataques especulativos contra as moedas", apontou em entrevista publicada neta terça-feira no jornal "Página/12".
Boudou sustentou que os 12 países sul-americanos têm a possibilidade "de com muita sinergia" aumentar a troca comercial entre eles.
Disse que estudam mecanismos para que os Bancos Centrais dos 12 países da Unasul atuem "coordenadamente" e contem com um sistema de assistência mútua em caso de que ocorra algum "ataque especulativo".
Os mecanismos serão tratados na reunião de ministros de Economia e presidentes de Bancos Centrais da Unasul que será realizada nesta quinta e sexta-feira em Buenos Aires, em continuidade as deliberações da semana passada em Lima, indicou.
Argentina e Brasil, que são membros do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) compartilham entre si "experiências muito valiosas" para a Unasul em matéria de integração econômica e cooperação financeira, ressaltou.
Boudou referiu-se ao acordo de comércio compensado de automóveis e os mecanismos de assistência monetária que regem há anos entre Argentina e Brasil, os sócios do Uruguai e Paraguai no Mercosul, o maior bloco comercial da América Latina que tem a Venezuela em processo de adesão como membro pleno.
Ele destacou que a Corporação Andina de Fomento (CAF) "está atuando como banco regional importante" para financiar projetos de desenvolvimento, enquanto avança a iniciativa do Banco do Sul, cuja administração será compartilhada por sete países da Unasul.
O ministro da Economia da Argentina opinou que a situação dos Estados Unidos e da União Europeia não responde "a crise recessiva, mas a crise de dívidas", que surgiu "com a explosão de bolhas formadas nos últimos 15 anos de predomínio absoluto de valorização financeira".