Mundo

Ameaça de quebra na Ucrânia se não houver ajuda financeira

Há meses, preocupa os mercados a situação financeira desse país que renunciou bruscamente a um acordo de livre comércio com a União Europeia

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 16h44.

A escalada da violência na Ucrânia ameaça de quebra a frágil economia do país, agora dependente da ajuda russa e com sua nota financeira degradada ao nível de uma nação à beira do default.

Há meses, preocupa os mercados a situação financeira desse país que renunciou bruscamente, no final de novembro, a um acordo de livre comércio com a União Europeia.

Ao invés disso, a Ucrânia obteve um plano de resgate da Rússia - país do qual é estritamente dependente -, que incluiu um crédito de 15 bilhões de dólares e uma redução do preço do gás importado, que significam outros bilhões de dólares.

Contudo, a escalada da violência desde o final de janeiro e o derramamento de sangue de quinta-feira, voltaram a afundar o país na incerteza. A Rússia, após entregar 3 bilhões no final de dezembro, anulou esta semana outra entrega de 2 bilhões, alegando que antes era necessário um retorno à tranquilidade.

A população vive uma crescente angústia. Segundo a imprensa local, as pessoas reúnem alimentos, por temer uma escassez. Alguns bancos fecharam agências ou reduziram as horas de atendimento.

Após a introdução de limitações às retiradas de dinheiro, foram formadas filas diante dos caixas automáticos, pelo que a federação interbancária EMA teve que informar que a medida obedecia questões de segurança e não a problemas de liquidez no sistema bancário.


A moeda local, a hryvnia, perdeu desde o começo do ano 10% frente ao dólar apesar das drásticas medidas para restringir os movimentos de capitais.

Nesse contexto, a agência de classificação financeira Standard & Poor's rebaixou nesta sexta-feira a nota da Ucrânia, que passou a "CCC", e corresponde a um país à beira do default. Além disso, a perspectiva é negativa, o que significa que a agência pode rebaixar sua classificação a curto ou médio prazo.

A S&P justificou sua decisão alegando "a degradação substancial" da situação, estimando que depois dos enfrentamentos dos últimos dias entre governo e a oposição, com saldo de dezenas de mortos, "está fora de alcance um compromisso político". "Pensamos que isso acentua a incerteza quanto ao apoio financeiro da Rússia em 2014, e apresenta um risco crescente para a capacidade do governo de pagar suas dívidas", explica a agência.

Default sem apoio russo

Nos mercados, a situação da Ucrânia gera pânico. As taxas de juros da dívida ucraniana a curto prazo dispararam a 34%, contra 5% há um mês. As dos títulos a 10 anos passaram a 11,3%, contra 8,5% em janeiro.

É certo que a tendência era, nesta sexta-feira, de uma leve melhora, após as concessões anunciadas pelo poder. Contudo, as taxas ucranianas continuam sendo superiores às dos países da UE com as piores dificuldades, como, por exemplo, a Grécia.

Agora, resta a incerteza sobre a posição que a Rússia adotará sobre sua prometida ajuda. "Quanto mais durar o caos, mais será difícil a Ucrânia evitar um 'default'" constata Lilit Gevorgyan, economista da sociedade de analistas IHS Global Insight. "Nem sequer a Rússia está disposta a pôr seus recursos em jogo no atual vazio político na Ucrânia", acrescenta.

As autoridades ucranianas gastaram bilhões de dólares, durante todo o ano passado, quando o país estava em recessão, para sustentar sua moeda. As reservas de divisas caíram, assim, a um nível perigosamente baixo.

Segundo os especialistas, se a Ucrânia se voltar para a Rússia, isso pode frear os investimentos ocidentais.

Por outro, se retoma uma aproximação com a UE, isso acarretaria uma degradação do comércio da Ucrânia com a Rússia, que representa 25% do total de suas trocas com o exterior.

Acompanhe tudo sobre:EuropaProtestosProtestos no mundoUcrâniaUnião Europeia

Mais de Mundo

Trump nomeia Keith Kellogg como encarregado de acabar com guerra na Ucrânia

México adverte para perda de 400 mil empregos nos EUA devido às tarifas de Trump

Israel vai recorrer de ordens de prisão do TPI contra Netanyahu por crimes de guerra em Gaza

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação