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Amazônia perde 593 km quadrados em março

O estado que sofreu maior perda foi o Mato Grosso, que desmatou 480,3 quilômetros quadrados no período.

Desmatamento na Amazônia: ministra do Meio Ambiente acredita que houve avanços na recuperação de áreas florestais degradadas pelo agronegócio (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

Desmatamento na Amazônia: ministra do Meio Ambiente acredita que houve avanços na recuperação de áreas florestais degradadas pelo agronegócio (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2011 às 21h16.

Brasília - O desmatamento na Amazônia atingiu 593 quilômetros quadrados em março e abril deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, uma forte alta em comparação ao mesmo período de 2010, puxada principalmente pelo Mato Grosso, que desmatou 480,3 quilômetros quadrados no período.

A forte alta em março e abril, de 472,9 por cento na comparação anual, levou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a anunciar nesta quarta-feira a criação de um gabinete de crise para apurar as causas deste aumento.

O alerta sobre o avanço do desmatamento ocorre no momento em que o projeto que altera o Código Florestal aguarda para ser votado na Câmara dos Deputados.

Para ambientalistas, a expectativa de aprovação do texto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), visto por eles como benéfico para desmatadores, explica a alta.

"O crescimento do desmatamento tem toda a relação (com a discussão do projeto que altera o Código Florestal). Por eliminação, é a única razão que explica o aumento do desmatamento", disse à Reuters o responsável pela Campanha de Florestas do Greenpeace, Márcio Astrini.

Para ele, o relatório de Rebelo anistia proprietários rurais irregulares e incentiva o desmatamento ao suspender embargos a quem desmatou ilegalmente.

A ministra Izabella Teixeira, em entrevista na tarde desta quarta, evitou vincular a alta à expectativa de aprovação do novo código, que já teve sua votação adiada por três vezes, e anunciou a criação de um gabinete de crise para analisar a questão.


"Nós não sabemos ainda o que está acontecendo no campo. O comportamento do Estado de Mato Grosso é um comportamento completamente atípico e contraditório", disse a ministra a jornalistas, ressaltando que os dados contrariam uma tendência de queda do desmatamento verficada nos dois primeiros meses de 2011.

O gabinete de crise, coordenado pela ministra, inclui repreesentantes da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e secretários de Meio Ambiente dos Estados da Amazônia.

"A ordem é reduzir o desmatamento até julho... É um compromisso formal do governo. Nós temos que cumprir o Plano Nacional de Mudanças Climáticas", afirmou.

Mato Grosso lidera

O desmatamento da Amazônia, floresta vital para as pretensões brasileiras de protagonismo na área ambiental e nas negociações internacionais sobre as mudanças do clima, registrou grande aceleração em abril na comparação com março, segundo os números do Inpe, indo de 115,6 quilômetros quadrados, para 477,4 quilômetros quadrados de um mês para o outro.

Embora o Inpe desaconselhe comparações com os mesmos meses dos anos anteriores, por conta da diferença na cobertura de nuvens entre os períodos, para se ter uma ideia, entre março e abril do ano passado foi detectado um desmatamento de 103,5 quilômetros quadrados na Amazônia.

Em Mato Grosso --principal produtor de soja e algodão do país e que abriga o maior rebanho bovino do Brasil-- o desmatamento detectado pelo sistema Deter, do Inpe, saltou de 76,4 quilômetros quadrados em março e abril do ano passado, para 480,3 quilômetros quadrados no mesmo período deste ano.

Na terça-feira, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou um alerta sobre a escalada do desmatamento em Mato Grosso em abril.


De acordo com a organização não-governamental, que usa um sistema de detecção de desmatamento diferente do usado pelo Inpe, o desmatamento no Estado somou 243 quilômetros quadrados, saltando 537 por cento na comparação com o mesmo mês de 2010.

Após a divulgação do alerta do Imazon, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também é a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi à tribuna do Senado e acusou o Imazon de divulgar dados inverídicos sobre o desmatamento na Amazônia.

A senadora, que está de saída do DEM rumo ao PSD, lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que com a divulgação de dados não-verdadeiros, o Imazon causaria "terrorismo à população brasileira", segundo a Agência Senado.

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