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Alto dirigente do Vaticano é declarado culpado de pedofilia na Austrália

O cardeal George Pell foi declarado culpado de abuso sexual de dois adolescentes. Mas o tribunal havia proibido que os meios de comunicação informassem

George Pell: o cardeal australiano, em foto de 26 de fevereiro de 2019, em Melbourne (-/AFP)

George Pell: o cardeal australiano, em foto de 26 de fevereiro de 2019, em Melbourne (-/AFP)

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AFP

Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 06h45.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2019 às 06h48.

O cardeal George Pell, número três do Vaticano, foi declarado culpado de crimes sexuais contra menores na Austrália, tornando-se o mais alto dignatário da Igreja católica condenado em um caso de pedofilia, anunciou uma corte de Melbourne (sul da Austrália).

Pell, de 77 anos, foi declarado culpado em um julgamento em dezembro de ter abusado sexualmente de dois coroinhas de 12 e 13 anos na sacristia da Catedral de São Patrício em Melbourne nos anos 1990. Mas o tribunal proibiu até esta terça-feira (noite de segunda, 25, no Brasil) que os meios de comunicação informassem sobre o caso.

O dirigente havia negado as acusações inicialmente e o júri não havia chegado a um veredicto no primeiro julgamento sobre o caso, em setembro, mas o cardeal foi declarado culpado em um novo julgamento, em dezembro.

A corte de Melbourne adotou então uma "ordem de supressão", que proibia aos veículos fazer qualquer menção ao caso, sob pena de ações legais.

Este silêncio forçado foi imposto com o objetivo de proteger o júri de um segundo julgamento em que o cardeal Pell devia responder a outros supostos crimes.

Mas a acusação decidiu abrir mão deste, o que levou à suspensão, nesta terça-feira, da proibição a que a imprensa reportasse o caso, autorizando aos veículos a anunciar o veredicto de culpa.

A pena que será imposta ao cardeal não foi decidida. Na quarta-feira está prevista a audiência de sentença.

Os advogados do cardeal anunciam à AFP a intenção de apelar.

"O cardeal George Pell sempre manteve sua inocência e continua fazendo", disse um comunicado publicado nesta terça-feira por seus advogados.

George Pell deixou suas funções no Vaticano para se defender, mas sobre o papel continua aparecendo no comando da secretaria de Economia da Santa Sé, ou seja, como o número três do Vaticano.

Um dos coroinhas vítimas de Pell morreu em 2014. O outro informou em um comunicado publicado por seu advogado que o processo legal é estressante e "ainda não terminou".

"Como muitos sobreviventes, experimentei vergonha, solidão, depressão e dificuldades. Como muitos sobreviventes, demorei anos para compreender o impacto que deve na minha vida", disse a vítima, que não foi identificada publicamente.

Às portas da corte, defensores de outras vítimas de abusos receberam Pell aos gritos de "monstro" e "apodreça no inferno", quando o cardeal deixou a corte ao final da audiência.

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