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Alemanha volta a debater semana de trabalho com quatro dias

Sindicatos dos trabalhadores visam essa alternativa para proteger os empregos, em um momento de alta da taxa de desemprego por causa da covid-19

Alemanha: a proposta mais recente do sindicato tem o apoio de 60% dos alemães, de acordo com uma pesquisa do instituto Yougov (funky-data/Getty Images)

Alemanha: a proposta mais recente do sindicato tem o apoio de 60% dos alemães, de acordo com uma pesquisa do instituto Yougov (funky-data/Getty Images)

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AFP

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 10h41.

Na Alemanha, o debate sobre a redução da semana de trabalho a quatro dias como alternativa para manter o emprego durante e depois da crise provocada pela pandemia de coronavírus está sobre a mesa e ameaça virar um tema eleitoral em 2021.

O presidente do influente sindicato de trabalhadores do setor metalúrgicos IG Metall, Jörg Hofmann, acaba de retomar o debate nacional com a proposta de adoção da semana de quatro dias para proteger os empregos, em um momento de alta da taxa de desemprego.

O ministro do Trabalho, o social-democrata Hubertus Heil, disse na quarta-feira que "um tempo de trabalho reduzido com uma compensação salarial parcial pode ser uma medida apropriada".

A ideia inicial é que ao trabalhar menos, os empregos, que tendem a reduzir, podem ser compartilhados.

Uma medida deste tipo seria uma "resposta às mudanças estruturais em setores como a indústria automobilística", que enfrenta o desafio do carro elétrico, assim como a "aceleração digital pela pandemia", afirmou o presidente do IG Metall.

Ele também defende uma "certa compensação" dos patrões com os empregados, para não provocar uma perda importante do poder de compra.

Esta não é a primeira batalha do IG Metall por tempo de trabalho. Em 1995, o sindicato conseguiu impor 35 horas semanais na indústria e em 2018 obteve a aprovação para que os funcionários passam trabalhar 28 horas por semana durante dois anos, com uma perda de salário limitada.

A proposta mais recente do sindicato tem o apoio de 60% dos alemães, de acordo com uma pesquisa do instituto Yougov.

O partido de extrema-direita Die Linke deseja a "redução geral da semana de trabalho a 30 horas" sem perda salarial.

Empresários criticam

Os empresários são contrários à ideia.

"Isto vai apenas piorar o enorme choque de produtividade que acontece atualmente", afirmou Steffen Kampeter, diretor da federação da indústria BDA.

"Quanto mais durar a crise do coronavírus, mais seremos obrigados a encontrar soluções inteligentes que não se limitem a distribuir compensações salariais ou subsídios", afirmou Carsten Linnemann, um dos líderes do partido conservador da chanceler Angela Merkel.

Várias grandes empresas alemãs, incluindo Bosch, ZF Friedrichshafen e Daimler, acabaram de concluir acordos para reduzir a jornada de trabalho, enquanto as negociações prosseguem na Continental ou Airbus.

Mas os funcionários precisam fazer sacrifícios financeiros importantes.

O modelo é a semana de quatro dias aplicada pela Volkswagen no início dos anos 1990 para salvar 30.000 empregos ameaçados.

Na área automobilística, muito afetada pela crise, a semana de quatro dias compensada "não seria oportuna nem economicamente viável diante da situação do setor", declarou Wilfried Porth, diretor de recursos humanos de Daimler.

O governo de Angela Merkel quer deixar nas mãos dos agentes sociais a decisão sobre o assunto, como é tradicional na Alemanha.

No momento, o governo contempla a prorrogação da duração do auxílio-desemprego parcial de 12 para 24 meses, o que deve atenuar a crise para milhões de pessoas.

Se o desemprego não cair rapidamente, o debate sobre a redução da semana de trabalho pode virar um assunto importante da campanha eleitoral das legislativas de 2021.

O debate também já teve início em outros países da Europa, incluindo França e Áustria.

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