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Alemanha tenta achar origem de obras roubadas por nazistas

Autoridades da Alemanha tentam organizar a gigantesca tarefa de estabelecer a origem de 1.500 obras de artistas como Pablo Picasso encontradas em um apartamento

Quadros do pintor Pablo Picasso (d), de Joan Miró (c) e de Marc Chagall: muitas das obras foram roubadas dos judeus (Emmanuel Dunand/AFP)

Quadros do pintor Pablo Picasso (d), de Joan Miró (c) e de Marc Chagall: muitas das obras foram roubadas dos judeus (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2013 às 12h40.

Berlim - As autoridades da Alemanha tentam organizar a gigantesca tarefa de estabelecer a origem de 1.500 obras de artistas como Pablo Picasso, Henri Matisse e Marc Chagall, muitas roubadas dos judeus, encontradas em um apartamento repleto de lixo em Munique.

As autoridades admitiram que trabalham há vários meses no caso, que foi revelado no domingo pela revista Focus. Mas mantêm o silêncio total e deixam o caso nas mãos da promotoria da cidade bávara de Augsburg, que prometeu uma entrevista coletiva para terça-feira e se negou a fazer comentários.

"Acredito que é maior descoberta de quadros roubados durante o Holocausto em muitos anos, embora seja uma fração ínfima do número de obras que buscamos", declarou à AFP Julian Radcliffe, presidente do Registro de Obras de Arte Perdidas, com sede em Londres.

A Focus calculou que o valor total dos 1.500 desenhos, esboços e quadros pode superar um bilhão de euros, mas uma especialista que trabalha no caso e foi entrevistada pela AFP afirmou que é impossível fazer uma estimativa.

O governo alemão reconheceu que estava a par há vários meses da descoberta feita pela Alfândega. Também ajudou os investigadores com o deslocamento de especialistas em peças de arte avariadas e obras de arte roubadas pelos nazistas, explicou o porta-voz, Steffen Seibert.

Ao ser questionado sobre eventuais pedidos de restituição, Seibert afirmou que não sabia de nada.

O serviço de alfândega alemão encontrou, no início de 2011, os desenhos e quadros, que em sua maioria eram considerados perdidos para sempre, em um apartamento de Munique repleto de lixo e latas de conserva com validade vencida, algumas há quase 30 anos.

O apartamento pertencia a Cornelius Gurlitt, um octogenário evidentemente afetado por uma transtorno obsessivo de comportamento que leva ao acúmulo compulsivo de objetos.

Em setembro de 2010, Cornelius Gurlitt foi parado por fiscais da alfândega em um trem que viajava da Suíça para a Alemanha. Ele estava com 9.000 euros em espécie em um envelope.


Apesar do transporte da quantia ser considerado legal, os investigadores decidiram seguir uma intuição e, alguns meses depois, conseguiram autorização para revistar o apartamento do idoso.

Segundo os primeiros elementos da investigação, Cornelius Gurlitt vivia há décadas sem um registro legal e sem trabalho na Alemanha.

Ele ganhava a vida com a venda ocasional de obras reunidas em seu apartamento a proprietários de galeria de arte pouco escrupulosos a respeito da origem das peças.

Gurlitt herdou as obras de seu pai, Hildebrand Gurlitt, um colecionador de arte falecido em 1956 em um acidente de automóvel.

Hildebrand Gurlitt, que inicialmente foi ameaçado pelos nazistas, sobretudo porque tinha uma avó judia, se tornou mais tarde indispensável para o regime de Hitler, ao qual ajudava a vender obras roubadas ou apreendidas no exterior.

Uma parte importante das obras encontradas procede, aparentemente, da espoliação de judeus, que tiveram as coleções de arte roubadas ou apreendidas no exterior.

Segundo a Focus, pelo menos 300 obras de arte pertencem à lista de obras apreendidas pelos nazistas, que integravam a "arte degenerada", e pelo menos 200 delas são objetos de solicitações oficiais de busca.

As autoridades da Alemanha também optaram pelo sigilo o maior tempo possível em consequência do gigantesco desafio de identificar as obras, assim como de buscar a origem ou os herdeiros.

Entre as obras encontradas aparentemente está um quadro de Henri Matisse que pertenceu ao colecionador judeu Paul Rosenberg, que foi obrigado a abandonar a coleção quando fugiu de Paris. De acordo com a Focus, a herdeira legítima da obra é a jornalista francesa Anne Sinclair.

Mas Anne Sinclair não foi informada da descoberta, segundo a revista.

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