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Alemanha teme "imensos danos" pela contaminação de ração com dioxinas

País teve que fechar mais de 3 mil fazendas devido ao problema; governo teme repercussão na reputação do setor agropecuário local

Ovos com dioxina: até agora apenas França e Dinamarca receberam produtos contaminados  (Joern Pollex/Getty Images)

Ovos com dioxina: até agora apenas França e Dinamarca receberam produtos contaminados (Joern Pollex/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 14h16.

Berlim - O Governo alemão teme grandes impactos, tanto financeiros como na reputação de seu setor agropecuário, pela contaminação com dioxinas de ração animal identificada no país na última semana.

"É evidente que haverá consequências e que o controle será mais rígido", indicou a ministra de Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, após uma reunião com especialistas e representantes do setor.

Os danos provocados pelo escândalo "já são imensos", acrescentou a ministra, depois do fechamento temporário de 3 mil a 5 mil fazendas no último final de semana.

"É preciso entender tanto as consequências econômicas sobre o setor como os efeitos na confiança nos produtos alemães", apontou Ilse.

No total, 1.635 fazendas permanecem interditadas e os efeitos de alerta da semana passada já afetaram o consumo interno de carne suína e produtos avícolas, segundo advertiram representantes do setor.

O alerta começou na Baixa Saxônia, estado federado que concentra o maior número de granjas fechadas, e até agora, fora da Alemanha, só se comprovou a presença de produtos contaminados na Dinamarca e França.

Paralelamente à reunião em Berlim entre a ministra e representantes do setor, a Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) estuda medidas a adotar frente o escândalo da ração contaminada.

O porta-voz comunitário de Saúde, Frédéric Vincent, declarou em Bruxelas que o objetivo comum é melhorar a separação das gorduras destinadas a alimentação humana e animal daquelas para fins não comestíveis.

A questão será analisada entre terça e quarta-feira pelo Comitê Permanente da União Europeia (UE), mas Vicent já adiantou que "não há perigo imediato" para os cidadãos europeus pelo consumo de ovos e carne de porco e de frango.

Até agora, só um terceiro país, Coreia do Sul, suspendeu suas importações de produtos alemães, medida que Vicent qualificou de "desproporcional".

Faltando conclusões definitivas, o Governo alemão chamou os relatórios divulgados pela organização da defesa do consumidor Foodwatch de "especulações", que por sua vez apontam pesticidas como responsáveis pela contaminação com dioxinas em alimentos para animais.

"As pesquisas ainda não foram concluídas, logo, divulgar resultados é pura especulação", afirmou um porta-voz da ministra de Agricultura e Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, horas depois que a Foodwatch divulgasse seu relatório.

De acordo com o estudo, as análises registraram também a presença de pentaclorofenol, um fungicida que não é produzido na Alemanha desde 1986 e cuja comercialização e uso são proibidos desde 1989, mas que é usado na Ásia e na América do Sul para proteger cultivos de soja.

Além disso, a análise detectou uma presença de 123 nanogramas de dioxinas por cada quilograma de gorduras para ração, quando o máximo permitido pela lei é de 0,75 nanogramas por quilo, uma quantidade 164 vezes maior que o autorizado.

Um dia depois que as autoridades liberaram 3 mil fazendas animais na Baixa Saxônia, a ministra alemã de agricultura, Ilse Aigner, anunciou que se estuda reforçar o controle e a concessão de licenças aos produtores de ração.

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