Olaf Scholz, chanceler da Alemanha (Michael Sohn/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 30 de março de 2022 às 10h11.
A Alemanha deu o primeiro passo para implementar um plano de emergência para gerenciar o fornecimento de gás na maior economia da Europa, medida sem precedentes que pode levar o governo a racionar energia caso haja um corte de gás russo.
O anúncio é o sinal mais claro até agora de que a União Europeia está se preparando para que Moscou corte o fornecimento para a região depois que o presidente Vladimir Putin exigiu que a Europa e os Estados Unidos pagassem as exportações de gás em rublos.
Essa demanda, que foi rejeitada pelos países do G7, é uma retaliação ao Ocidente por impor sanções à Rússia por sua invasão da Ucrânia.
Moscou não disse quando a mudança de moeda entrará em vigor, mas espera-se que revele seus planos de pagamentos em rublos na quinta-feira. O principal legislador da Rússia alertou, nesta quarta-feira, que as exportações de petróleo, grãos, metais, fertilizantes, carvão e madeira também poderão em breve ter que ser pagas em rublos.
Os preços do gás na Europa subiram até 15% após o anúncio alemão, mas voltou a cair diminuir, já que o Kremlin disse que levaria tempo até que as empresas precisassem pagar em rublos.
A Alemanha, que depende da Rússia para mais de 50% de seu gás natural, iniciou a primeira das três fases do plano, sinalizando que há sérios sinais de que a situação do fornecimento pode se deteriorar, disse o ministro da Economia, Robert Habeck.
Com uma crise potencial se aproximando, Habeck ativou a 'fase de alerta precoce' do plano de emergência, o que significa que uma equipe de crise do Ministério da Economia, do regulador e do setor privado monitorará as importações e o armazenamento.
Em uma entrevista coletiva, Habeck disse que o fornecimento de gás da Alemanha está protegido por enquanto, mas pediu aos consumidores e empresas que reduzam o consumo, dizendo que "cada quilowatt-hora conta".
— Devemos aumentar as medidas de precaução para estarmos preparados para uma escalada por parte da Rússia. Com a declaração do nível de alerta precoce, uma equipe de crise foi convocada — informou o ministro alemão.
Caso os suprimentos fiquem aquém, o regulador de rede da Alemanha pode racionar o fornecimento de gás, com a indústria sendo a primeira na fila a sofrer cortes. O tratamento preferencial seria dado a residências particulares, hospitais e outras instituições críticas. As indústrias alemãs, de aço a produtos químicos, fechariam em questão de semanas se os suprimentos da Rússia fossem cortados.
— É o caso de monitorar a situação — acrescentou Habeck. — Há mais duas etapas, o alarme e a fase de emergência, mas ainda não chegamos lá. A situação teria que piorar dramaticamente antes de chegarmos a esses estágios. Praticamente precisaríamos de uma mudança nas linhas de fornecimento e teríamos que reagir de acordo.
Metade dos 41,5 milhões de residências da Alemanha faz uso do gás natural, enquanto a indústria respondeu por um terço dos 100 bilhões de metros cúbicos de demanda nacional em 2021.