Bandeira da Alemanha (Sean Gallup/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 08h54.
Forças especiais da Alemanha prenderam 25 pessoas suspeitas de apoiar uma organização terrorista doméstica que planejava derrubar o governo e formar seu próprio Estado, disse o promotor federal do país nesta quarta-feira, 7.
Os promotores alemães que investigam o caso disseram que o grupo foi formado no ano passado e operava sob a convicção de que "a Alemanha é atualmente governada por membros de um chamado Estado profundo" que precisava ser derrubado. Os promotores disseram que outras duas pessoas foram presas fora da Alemanha, uma na Áustria e outra na Itália.
Os suspeitos são acusados de se preparar, desde o final de novembro de 2021, para realizar ações que incluíam aquisição de armas e equipamentos, recrutamento de novos membros e aulas de tiro. O recrutamento era focado principalmente em membros das Forças Armadas e policiais.
Os promotores descreveram o grupo, que não identificaram, como influenciado pelas ideologias do grupo de conspiração QAnon e de um grupo de conspiração de direita alemão chamado Reichsbürger, ou Cidadãos do Reich, que acredita que a Alemanha pós-Segunda Guerra não é um país soberano, mas uma corporação criada pelos Aliados que venceram a guerra.
Um soldado da ativa e vários reservistas estão entre os investigados, disse um porta-voz do serviço de inteligência militar à Reuters. O militar é membro do Comando das Forças Especiais.
Muitos dos presos tinham treinamento militar e incluíam ex-soldados alemães, inclusive do exército da antiga Alemanha Oriental. Segundo a Promotoria, eles estavam fortemente armados com armas adquiridas ilegalmente.
Segundo a Promotoria, entre os detidos está um homem que tentou entrar em contato com representantes do governo russo sobre os planos. Não havia indícios de que o grupo tivesse recebido uma resposta ou apoio das fontes russas contatadas.
Um cidadão russo, identificado pelos promotores como "Vitalia B.", é acusado de apoiar os conspiradores e de tentar estabelecer contatos com Moscou.
O grupo, que incluía pessoas que participaram de manifestações contra os bloqueios anti-covid destinados a impedir a propagação do coronavírus, foi alimentado por teorias da conspiração, disseram as autoridades.
O objetivo do grupo era "superar a ordem estatal existente na Alemanha e estabelecer sua própria forma de Estado, cujos contornos já foram elaborados", usando meios militares e violência contra representantes do Estado, disseram os promotores no comunicado.
Os planos do grupo incluíam um ataque armado ao prédio do Parlamento alemão, o Reichstag. Os membros também formaram uma espécie de governo paralelo que pretendiam instalar se seus planos fossem bem-sucedidos.
"Os membros da organização estavam cientes de que esse objetivo só poderia ser alcançado com o uso de meios militares e violência contra os representantes do Estado", disse o comunicado do procurador. "Isso também incluía assassinatos de membros do Parlamento e do Executivo."
Segundo os membros do grupo, a libertação é prometida pela iminente intervenção da "Aliança", um grupo secreto que supostamente seria formado por membros de governos, serviços de inteligência e militares de vários Estados, incluindo Rússia e Estados Unidos, segundo os promotores.
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