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Alemanha pede que EUA não negociem com Rússia sem os aliados

A ministra alemã pediu que que os aliados busquem juntos uma nova relação confiável com a Rússia, e não bilateralmente

Ursula von der Leyen: investimentos em defesa devem aumentar de forma mais rápida nos próximos anos (Michael Dalder/Reuters)

Ursula von der Leyen: investimentos em defesa devem aumentar de forma mais rápida nos próximos anos (Michael Dalder/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 13h27.

Berlim - A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, declarou nesta sexta-feira ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, que a Otan é uma "comunidade de valores" que exige, desde uma rejeição total da tortura, a interagir unidos com relação à Rússia, sem negociar "bilateralmente, passando por cima dos aliados".

Von der Leyen, que inaugurou junto a Mattis a Conferência de Segurança de Munique, assumiu, como pedem os EUA, que os investimentos em defesa devem aumentar de forma mais rápida nos próximos anos por responsabilidade com os compromissos adotados com a Europa e com a Otan.

Mas Von der Leyen também deixou claro que pertencer à Aliança, além de aumentar os orçamentos, requer não colocar em questão seu artigo 5, que é "inquestionável" e exige uma resposta dos outros quando um aliado tem problemas.

Os valores da Otan, segundo a ministra alemã, "não deixam nenhum espaço para a tortura, obrigam a evitar absolutamente vítimas civis e estabelecem que quem necessita, recebe proteção".

"Significa também que não pode haver nenhuma equidistância na confiança em relação aos aliados e para aqueles que questionam nossos valores, nossas fronteiras e o direito internacional", acrescentou Von der Leyen, que defendeu, neste contexto, que os aliados busquem juntos uma nova relação confiável com a Rússia, e não bilateralmente.

A ministra alemã também defendeu a unidade na luta contra o terrorismo jihadista, evitando confundir o combate do grupo Estado Islâmico com "uma frente contra o islã e os muçulmanos".

"Se não, corremos o risco de aprofundar as trincheiras nas quais cresceram a violência e o terrorismo", advertiu Von der Leyen, para reivindicar a busca de alianças com Estados árabes e muçulmanos.

A ministra alemã ressaltou que "o mundo necessita que os Estados Unidos estejam comprometidos e conscientes de sua responsabilidade" e garantiu que os europeus sabem apreciar o trabalho realizado por esse país pela segurança e a liberdade.

Nesse contexto, Von der Leyen garantiu que os alemães são conscientes de que devem investir de forma constante em segurança e assumir mais relevância no contexto europeu e transatlântico.

"Uma União Europeia estável e também uma Otan coesa é algo que favorece os interesses dos Estados Unidos", insistiu a ministra, que pediu aos europeus que não se esqueçam de sua responsabilidade com sua própria defesa.

"Nós alemães queremos assumir o desafio, como europeus, como transatlânticos e, sobretudo, como um país que, 25 anos após a queda do muro, cresceu para se transformar em uma democracia responsável", afirmou Von der Leyen para pedir que a União Europeia (UE) dê "passos mais ambiciosos".

A UE participa de 17 missões civis e militares, mas é necessário melhorar o planejamento e a gestão conjunta destas operações e o financiamento de projetos comuns de armamento, afirmou a ministra alemã, que admitiu ter iniciado diversas iniciativas com este fim com França, Itália, Espanha, Holanda e outros aliados.

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