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Alemanha lembra 40 anos de ataque nos Jogos de Munique

O aeroporto militar de Fürstenfeldbruck será o cenário de um ato comemorativo nesta quarta-feira em memória dos mortos


	Estádio em Munique: Alemanha renunciou a perseguição dos organizadores do atentado
 (Wikimedia Commons)

Estádio em Munique: Alemanha renunciou a perseguição dos organizadores do atentado (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2012 às 21h06.

Berlim - Nesta quarta-feira serão completados 40 anos de um dos episódios mais trágicos dos Jogos Olímpicos, o sequestro de 11 atletas israelenses em Munique por parte de um comando terrorista palestino que resultou em 17 mortes e pôs em evidência as fracas medidas de segurança adotadas pelo país anfitrião.

O aeroporto militar de Fürstenfeldbruck, onde morreram nove esportistas - outros dois foram executados na Vila Olímpica -, um policial alemão e cinco dos oito terroristas, após uma operação fracassada para salvar os reféns, será o cenário de um ato comemorativo nesta quarta-feira em memória dos mortos.

O ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, o primeiro-ministro da Baviera, Horst Seehofer, familiares de 10 dos 11 integrantes da equipe olímpica israelense mortos no atentado e sete sobreviventes, confirmaram presença no evento, além de outros representantes do mundo da política e do esporte.

O importante, na opinião do cônsul geral de Israel na Baviera, Tibor Shalev Schlosser, é que o 40º aniversário do atentado não sirva para deixar para trás todo o ocorrido, mas ''se transforme em um marco para manter a lembrança, sobretudo para as novas gerações'', disse, em declarações ao jornal local ''Kreisbote''.

''Estamos trabalhando em conjunto para que os 11 atletas e o policial alemão continuem sendo um rosto em nossa memória no futuro'', declarou o diplomata recentemente na apresentação de uma exposição e do catálogo ''5 de setembro de 1972. O fim dos Jogos felizes de Munique''.

A mostra será inaugurada nesta quarta-feira e documenta com fotos, vídeos e recortes de imprensa o atentado de 1972 e o situa no contexto geral dos Jogos Olímpicos de Munique.


Além da apresentação cronológica dos eventos na vila olímpica e depois no aeroporto militar de Fürstenfeldbruck, a exposição dedica um capítulo ao processo judicial que os parentes dos falecidos perderam contra o estado da Baviera.

Os familiares das vítimas basearam a acusação na ''negligência e nos graves erros cometidos pelos responsáveis alemães, bávaros e muniquenses, respectivamente'' que resultaram na morte dos reféns.

Os alemães pretendiam fazer com que as Olimpíadas de 1972 fossem os ''Jogos Felizes'' em contraposição aos realizados em 1936 durante o regime nazista. Isso se refletiu em medidas de segurança surpreendentemente frouxas e na discreta presença policial, segundo o relato de alguns dos atletas que residiram na Vila Olímpica.

O operacional antiterrorista planejado para os Jogos foi um fracasso, pois os serviços de segurança não conseguiram evitar a tragédia apesar de as autoridades terem conhecimento de que o comando palestino estava mal treinado, revelou recentemente a revista ''Der Spiegel''.

De acordo com os documentos em poder da revista - protocolos governamentais, de espionagem interior, do Ministério das Relações Exteriores, das autoridades bávaras e despachos de embaixadas -, as autoridades alemãs não deram importância suficiente às advertências prévias sobre um possível atentado contra a delegação israelense.

As autoridades bávaras também não levaram em conta uma série de recomendações por parte da Polícia diante de um eventual ataque na Vila Olímpica, acrescentou a revista, que concluiu que todas as partes concordaram com uma espécie de ''pacto de silêncio'' para impedir reprovações mútuas e silenciar os erros.


Também segundo a ''Der Spiegel'', o governo alemão manteve durante anos contato com os responsáveis do atentado.

Foi publicado no final de agosto que o Executivo convidou, poucos meses depois dos eventos trágicos dos Jogos, um dos organizadores do atentado para um encontro secreto com o ministro das Relações Exteriores alemão, o liberal Walter Scheel, para que se estabelecesse ''uma nova base de confiança mútua''.

Segundo a ''Der Spiegel'', o governo não exigiu dos terroristas o fim da violência, mas somente que se abstivessem de ''realizar ações no território alemão'', enquanto em contrapartida os palestinos reivindicaram o reconhecimento político da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Assim, a Alemanha renunciou também à perseguição dos organizadores do atentado, concluiu a revista. Ainda segundo a ''Der Spiegel'', o governo alemão manteve durante anos contato com os responsáveis do atentado. 

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