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Alemanha e Turquia têm crise reavivada por acusação de espionagem

A Turquia teria pedido ajuda à Alemanha para espionar 300 pessoas e organizações consideradas próximas ao movimento de Gülen

Tayyip Erdogan: a insistência de Ancara em responsabilizar Gülen pela tentativa de golpe provocou tensões entre os países nas últimas semanas (Yasin Bulbul/Presidential Palace/Handout/Getty Images)

Tayyip Erdogan: a insistência de Ancara em responsabilizar Gülen pela tentativa de golpe provocou tensões entre os países nas últimas semanas (Yasin Bulbul/Presidential Palace/Handout/Getty Images)

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AFP

Publicado em 28 de março de 2017 às 10h28.

Um funcionário do alto escalão alemão denunciou nesta terça-feira a vontade "paranoica" da Turquia de espionar na Alemanha os simpatizantes do pregador Fethullah Gülen, uma nova discórdia, que reaviva a crise entre os dois países.

"Em relação ao comportamento das autoridades turcas, devemos dizer muito claramente (...) que se trata de um medo de complô que pode ser classificado de paranoia", indicou o ministro do Interior da Baixa Saxônia (noroeste), Boris Pistorius.

O responsável social-democrata, que supervisiona os serviços regionais de inteligência, declarou que Ancara havia pedido a Berlim ajuda para espionar 300 pessoas e organizações por toda a Alemanha, consideradas próximas ao movimento de Gülen, a quem o governo turco acusa de orquestrar o golpe de Estado frustrado de julho.

"É completamente insuportável e inaceitável", lançou Pistorius, convocando o governo da chanceler Angela Merkel - que acaba de sair de uma controvérsia com a Turquia devido à campanha do referendo turco de 16 de abril - a encontrar "as palavras justas e claras" diante de Ancara.

Entre 10 e 15 destes alvos, incluindo ao menos uma escola e duas empresas, estão na Baixa Saxônia. Segundo Pistorius, o governo regional informará que estão sendo espionados e que podem sofrer "represálias que podem chegar inclusive à detenção" se viajarem à Turquia.

O ministro afirmou que não possui "nenhum elemento que relacione os simpatizantes de Gülen com nenhuma infração penal" ou que os envolva "no golpe de Estado" frustrado de julho contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Ceticismo sobre Gülen

A insistência de Ancara em responsabilizar Fethullah Gülen pela tentativa de golpe já provocou tensões entre Alemanha e Turquia nas últimas semanas, entre outros temas de discórdia.

As autoridades turcas convocaram na última terça-feira o encarregado de negócios alemão para protestar depois que o chefe dos serviços de inteligência exterior alemães (BND), Bruno Kahl, manifestou suas dúvidas sobre o envolvimento do pregador Gülen, exilado nos Estados Unidos.

O chefe dos serviços de inteligência interior alemães, Hans-Georg Maassen, mostrou sua preocupação no início de março pela intensificação das atividades dos serviços turcos na Alemanha.

As relações entre Berlim e Ancara, abaladas em diversas frentes devido à vasta repressão lançada pelo governo turco após o golpe, pioraram em março depois do cancelamento de comícios favoráveis ao presidente Erdogan em várias cidades alemãs.

O chefe de Estado turco acusou na época a chanceler Merkel de práticas nazistas.

Os líderes turcos também acusaram as autoridades alemãs de apoiar o terrorismo, referindo-se aos separatistas turcos e aos partidários de Gülen.

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