Usina Nuclear de Grafenrheinfeld, na Alemanha (Foto/Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de janeiro de 2022 às 14h40.
Última atualização em 3 de janeiro de 2022 às 15h07.
O governo alemão disse nesta segunda-feira, 3, que considera a energia nuclear perigosa e se opõe às propostas da União Europeia (UE) que permitiriam que a tecnologia continuasse como parte dos planos do bloco para o futuro. A Alemanha está prestes a desligar suas três usinas nucleares restantes no final deste ano e eliminar o carvão até 2030.
Por outro lado, a vizinha França pretende modernizar os reatores existentes e construir novos para atender às suas necessidades futuras de energia. Berlim planeja depender fortemente do gás natural até que ele possa ser substituído por fontes de energia não poluentes.
Os caminhos opostos tomados por duas das maiores economias da UE resultaram em uma situação constrangedora para a Comissão Executiva do bloco. Um projeto da UE, a que a Associated Press teve acesso, conclui que a energia nuclear e o gás natural podem, em certas condições, ser considerados sustentáveis para fins de investimento.
"Consideramos a tecnologia nuclear perigosa", disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, a repórteres em Berlim, observando que a questão do que fazer com o lixo radioativo que durará milhares de gerações continua sem solução. Hebestreit acrescentou que a Alemanha "rejeita expressamente" a avaliação da UE sobre a energia atômica e afirmou repetidamente essa posição em relação à Comissão.
Ambientalistas criticaram a ênfase da Alemanha no gás natural, que é menos poluente do que o carvão, mas ainda produz dióxido de carbono — o principal gás causador do efeito estufa — quando é queimado. Hebestreit disse que a meta do governo alemão é substituir o uso do gás natural por alternativas não poluentes como o hidrogênio produzido com energia renovável até 2045, prazo que o país estabeleceu para se tornar neutro para o clima.
Ele se recusou a dizer se o chanceler Olaf Scholz apoia a visão do ministro da Economia e do Clima, Robert Habeck, de que as propostas da Comissão da UE são uma forma de "greenwashing".